Em 1 dia, quase 80 pessoas vão para UTI em MS e Capital atinge 117% de lotação
Mesmo com menor média estadual de óbitos há quase 2 meses, número de infectados em estado grave disparou
Mato Grosso do Sul tem menor índice de mortes por covid desde 16 de março, indicando leve redução na curva de óbitos pelo coronavírus. Apesar disso, a macrorregião de saúde de Campo Grande registrou 117% de ocupação de leitos de terapia intensiva - ou seja, infecções e casos graves ainda estão em patamar mais crítico da pandemia.
É o maior índice das últimas semanas. Em comparação com o boletim de quarta-feira, em 24 horas mais 79 pessoas foram para UTIs no Estado. Ontem eram 485 pacientes, hoje são 564 internados em Unidades de Terapia INtensiva.
Boletim epidemiológico divulgado na manhã desta quinta-feira (13) confirma mais 1,1 mil infectados e 17 vítimas, registrados nas últimas 24 horas, mas que podem ter tido diagnóstico em datas anteriores. Portanto, a média móvel semanal - que verifica os índices a cada sete dias como forma de mensurar mais precisamente os dados - é de 26,7 óbitos por dia e pouco mais de mil casos diários.
Ainda que menos de 10% da população total tenha sido imunizada com vacinas, um dos fatores apontados para essa pequena redução, já que são muitas mortes sendo contabilizadas dia-a-dia, é o início da campanha de imunização.
Lotação - A macrorregião de saúde de Campo Grande - que engloba outros 30 municípios da região com ou sem leitos de UTI, realizando essa "mobilidade" de pacientes entre cidades, registrou índice de ocupação de 117%.
Na prática, isso significa que todos os leitos contratualizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) estão ocupados, sendo que maioria (83%) são por casos de covid. Além disso, há excedente (17%) de pacientes em leitos improvisados e inadequados - situação que foi muito evidente em março deste ano.
Conforme o documento, publicado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), a justificativa para essa lotação é por conta de estruturas que ainda não foram oficializadas pelo Ministério da Saúde, mesmo que passado mais de um ano desde o começo da pandemia. "O excedente da capacidade representa pacientes em leitos covid-19 ainda não habilitados pelo SUS, mantidos pelas secretarias municipais e estadual de Saúde".
As demais macrorregiões de saúde têm índices também altos: Dourados (90% de ocupação), Três Lagoas (84%) e Corumbá (100%). Ao todo, no Estado, são mais de 1,2 mil pessoas hospitalizadas em leitos clínicos ou de terapia intensiva - índice que beirava os 500 no ano passado.
A "fila de espera" para abertura de leitos também cresceu em comparação às últimas semanas, o que indica novamente que mais pessoas têm sido acometidas por casos graves. Segundo dados da Central de Regulação, a Capital tem 69 pacientes nessas condições.
Procurada ontem (12) pela reportagem, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) ressaltou que a quantidade de pacientes aguardando transferência hospitalar é "flutuante" e diversos fatores têm de ser considerados para justificar essas oscilações, como o aumento ou redução no número de traumas, emergências clínicas, entre outros agravos.
"Sempre haverá pacientes aguardando o processo de regulação, independentemente de haver vagas ou não disponíveis. Considerando os meses anteriores, o número atual é considerado 'controlado'. O município encaminha em média 100 pacientes por dia para os hospitais pertencentes à rede conveniada".
Desde o inicio da pandemia, mais de 261,2 mil pessoas tiveram covid em mato Grosso do Sul, das quais 6.123 não resistiram e faleceram. Quase 23% da população do Estado foi vacinada com pelo menos uma dose, enquanto 8,6% receberam as duas aplicações necessárias.