Em 4 anos, Casa da Mulher recebeu quase 25 mil denúncias de violência doméstica
Números foram apresentados na data que celebra quatro anos de inauguração da delegacia especializada
Completando seis anos de criação, a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) divulgou, nesta quarta-feira (3), um balanço das ações realizadas. Só na Capital foram presos, em média, dois agressores por dia durante o ano passado. Em quatro anos foram 24.898 mulheres vítimas de violência cadastradas.
"Dois mil e vinte foi o ano em que mais se matou mulheres desde a criação da Lei do Feminicídio. Onze mulheres foram mortas na Capital e 39 no Estado, um aumento de 120% em Campo Grande e 30% no interior", disse a delegada titular da Deam, Fernanda Félix.
Para Luciana Azambuja, subsecretária estadual de políticas públicas para mulheres, em 2020 as mulheres foram as mais prejudicadas. "Apesar da queda de 9% nos registros de violência, e queda de 20,5% nas denúncias de estupros, por conta da dificuldade em denunciar com a pandemia, os números de feminicídio subiram muito", disse Luciana.
O mês de julho do ano passado atingiu o pico nos atendimentos do setor psicossocial com 667 mulheres atendidas, resultado da perda de renda por causa da pandemia da covid-19.
De acordo com a titular, a pandemia não criou a violência, mas potencializou uma violência que já existia dentro das casas. "As denúncias vem aumentando ano a ano, principalmente nos meses posteriores às campanhas de combate à violência contra mulher. Março, abril, setembro e outubro são os meses em destaque com mais denúncias no Estado", comentou Fernanda.
Em 2021 a expectativa é melhorar o atendimento em relação ao exame de corpo de delito, único serviço que ainda não é realizado dentro da Casa da Mulher Brasileira. Uma sala será adaptada e o legista do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) vai até a vítima para realizar o exame.
"Embora as vítimas recebam apoio do setor de transporte para ir até o Imol , sabemos o valor do tempo para essas mulheres e da importância desse exame na contribuição para o inquérito e consequência penal", afirmou Carla Stephanini, secretária da Semu (Subsecretaria Municipal de Políticas para a Mulher"
As mulheres que mais foram atendidas na Casa da Mulher Brasileira possuem entre 21 e 30 anos, tem ensino médio incompleto, são pardas e cisgênero, condição da pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído no nascimento.