Em lockdown, Guia Lopes não tem leitos de UTI nem sequer respiradores
Doze casos foram confirmados e município determinou o bloqueio de circulação
O município de Guia Lopes, distantes 227 km de Campo Grande, que entrou em situação de lockdown, determinando o bloqueio de circulação de pessoas, não conta com leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e nem respiradores, utilizados no atendimento a pacientes em casos de covid-19.
Guia Lopes confirmou 12 casos de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. A informação foi confirmada pelo prefeito do município, Jair Scapini (PSDB). Segundo ele, as compras e distribuições estão concentradas no governo federal e o município planeja acionar a Justiça para concluir a compra dos aparelhos.
Scapini comentou que os casos mais graves deverão ser atendidos nos hospitais em Campo Grande. Até o momento nenhum paciente precisou ser transferido.
O prefeito comentou que a cidade agora está mais tranquila com a decretação do lockdown. “Parece que não estavam acreditando na doença”, lamentou. A assessora jurídica do município, Cristiane Ramos explicou que a prefeitura já tinha aberto licitação para compra dos respiradores, mas o processo acabou suspenso porque está sob a responsabilidade do governo federal.
Com a confirmação dos casos, a assessora disse que o município deverá entrar com uma ação na Justiça para obrigar a empresa a comercializar os aparelhos para o município por meio da dispensa de licitação. Segundo ela, o município de Nova Andradina moveu ação semelhante para conseguir os aparelhos. “Eles foram pioneiros. Entraram com a ação e conseguiram e nos ajudaram neste estudo de caso”, comentou. Ela disse que deverá acionar a Justiça no início da próxima semana.
Procurado pelo Campo Grande News, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, afirmou que a pasta estuda mandar ventiladores mecânicos para Guia Lopes da Laguna. Mas, ainda não estão definidos quantos aparelhos devem ser destinados e também há dúvida sobre onde ficarão, Guia Lopes ou Jardim. O secretário avalia que o município vizinho, com distância de 5 km, tem melhor estrutura de atendimento.
O prefeito de Brasilândia Antônio de Pádua (MDB) explicou que a cidade conta com dois respiradores e uma ambulância de UTI Móvel. Outras três ambulâncias têm capacidade para receber pacientes que já estão com respiradores. Ainda segundo ele, o município deve atender casos mais leves da doença. Os pacientes com sintomas mais graves deverão ser transferidos para Bataguassu e Três Lagoas, onde há 5 e 10 leitos de UTI disponíveis, respectivamente, para pacientes enviados pela Central de Regulação.
Ele declarou ainda que o sistema na cidade está a um passo do “lockdown” para conter a propagação do vírus. Na segunda-feira será (11) será ativada a UBS (Unidade Básica de Saúde) de campanha para atender exclusivamente pacientes com problemas respiratórios.
A gerente de saúde de Sonora, Indiana Dantas explicou que a cidade conta com dois respiradores e está em processo de compra de outros dois. Segundo ela, pacientes em estado mais grave serão transferidos para Campo Grande e Coxim, mas ainda não teve essa necessidade.
O coordenador de Vigilância Sanitária do município, Eçuélio Alves de Oliveira ressaltou que as fiscalizações sobre o cumprimento das medidas de prevenção estão intensas. Ele cita o controle do comércio, das filas e até as regras em relação aos funcionários públicos que não podem deixar a cidade sem justificativa e autorização do órgão. “Se sair terá de ficar em quarentena e durante esse período haverá desconto no salário dos dias não trabalhados”, detalhou.
O secretário estadual de Saúde afirmou que ainda não necessidade de encaminhar respiradores para Brasilândia e Sonora por haver estrutura na saúde em municípios próximos.