Em MS, covid fez 60 mil contratarem planos de saúde
Eram 582.701 usuários há dois anos e em janeiro de 2023 já somavam 641.397; em fevereiro subiram para 644.560
Em curva ascendente desde 2020, os planos de saúde em Mato Grosso do Sul ganharam 59.070 novos beneficiários até janeiro deste ano, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). O crescimento ainda é efeito pós-pandemia, que fez com que mais pessoas procurassem esse tipo de serviço, temendo depender exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde).
Eram 582.701 usuários há dois anos e, em janeiro de 2023, já somavam 641.397, quase 60 mil a mais. Se esse número for comparado a fevereiro deste ano, a distância é ainda maior - 61.859 a mais - porque já há 644.560 beneficiários contabilizados até o mês retrasado.
A família da corretora de imóveis Adriana Harumi Higuti Barbosa, de 44 anos, é uma delas. “Paguei planho até 2015 pra família toda, mas depois saí do serviço e parei. Voltei só em 2020, com a pandemia”, contou. Além da pandemia, o marido se acidentou, o que apressou a busca por plano. Por conta dos custos, três deles foram para a rede privada.
Atualmente, para os três, o valor pago está em R$ 943 para duas pessoas de até 45 anos e uma de 20, que é a filha de Adriana. “Quando comecei a pagar de novo, na pandemia, eram para quatro pessoas, mas meu marido acidentou e precisamos de um plano mais em conta e fizemos a portabilidade. Daí passamos a pagar somente para três pessoas”, comentou.
Para ela, ter um plano de saúde é uma segurança e ela diz que fica mais confiante no atendimento. “Erros têm em qualquer um, seja SUS ou plano, mas o atendimento é melhor, tem mais especialidades disponíveis e pelo SUS você espera três, seis meses, até mais para fazer exames, por exemplo”, afirma.
Para o presidente da Anab (Associação Nacional das Administradoras de Benefícios), Alessandro Acayaba de Toledo, a busca por planos de saúde saltou durante a pandemia porque percebeu-se a importância do serviço. “Pesquisa recente que fizemos indica que 83% das pessoas querem ter um plano de saúde”.
Ele avalia ainda que as operadoras têm fomentado novos tipos de produtos, algumas vezes mais baratos, visando principalmente as pequenas e médias empresas e até mesmo os MEIs, que são os microempreendedores individuais.
Olhando para o mercado de Mato Grosso do Sul, Toledo cita que percebe uma grande quantidade de planos coletivos e empresariais no Estado, concentrado principalmente nos MEIs e as pequenas e médias empresas. “É um produto que caiu no gosto da população”, sustenta.
O presidente da associação diz ainda que o fato de haver mais pessoas usando planos de saúde é benéfico inclusive para o setor público, porque de alguma forma desafoga o SUS. Sobre o viés de cuidados, Toledo comenta ainda que dentro do atual quadro econômico brasileiro, com certa estabilidade, mesmo as famílias têm optado por planos de saúde em detrimento de outros bens, como carros, por exemplo.
As pessoas fazem suas escolhas dentro do seu orçamento e avaliam que benefícios podem ter. Hoje, temos a saúde brigando com a gasolina e se a gasolina está cara, se avaliam outras prioridades”, afirma.
Números – Dados da ANS confirmam esse crescimento e, desde 2018, o número de beneficiários nunca foi tão alto em Mato Grosso do Sul. Em janeiro daquele ano eram 593.646 clientes, saltando para 593.473 no ano seguinte e caindo bastante em 2020, quando houve o menor registro, com 582.701 usuários.
Depois disso, houve só aumento, com 600.106 há dois anos, 610.619 em janeiro do ano passado e enfim, 641.397 no primeiro mês deste ano. O dado mais recente da ANS se refere a fevereiro de 2023 e soma 644.560, o mesmo que novos 3.163 beneficiários no período de um mês.
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, há 352 planos de saúde ativos em Mato Grosso do Sul e para 511.234 esse serviço é coletivo empresarial, ou seja, mantido através do contrato de trabalho.