Energia solar por assinatura traz economia de até 15% e tem investidores em MS
Adeptos ainda são poucos, mas Estado deve expandir mercado por ter geografia favorável, segundo associação
Mesmo sem ter nos telhados um sistema próprio de captação e geração de energia solar, residências e empresas podem ter até 15% de economia na conta de luz como assinantes de eletricidade gerada a partir da radiação do Sol "a distância", em outros locais.
Isso é possível em Mato Grosso do Sul e nos demais estados brasileiros desde a publicação em 2015 da lei que institui o marco legal da micro e minigeração de energia, como explica a vice-presidente do conselho administrativo da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Bárbara Rubim.
Entre outras medidas, a legislação regulamentou a distribuição de energia solar por assinatura – assim como na relação entre plataformas de streaming, como a Netflix, e seus clientes. Na prática, o cliente paga um valor fixo para obter créditos em quilowatts a serem consumidos, que é mais barato em comparação ao valor da fatura paga à distribuidora.
Esse mercado no Estado ainda é incipiente, mas tem potencial para crescer exponencialmente nos próximos anos. "Na região onde Mato Grosso do Sul está localizado, o índice de radiação elevado e a topografia são pontos atrativos para as empresas. Há muitas oportunidades de crescimento também na integração de atividades econômicas em uma mesma propriedade, como a agropecuária e a geração de energia solar", avalia a representante da Absolar.
A crise no setor hídrico e as altas consecutivas na tarifa de energia influenciam pessoas a aderirem à opção, também segundo Bárbara. Outro fator é a consciência de que se trata de uma produção energética limpa e renovável. "Após a instalação das placas e operação do sistema, a emissão de CO2 é zero", ela salienta.
Consumidores - De acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Mato Grosso do Sul tem atualmente 198 unidades consumidoras recebendo energia elétrica solar compartilhada. Do total, 64 são residências; 11 são imóveis comerciais; 1 é indústria; e 14 são propriedades rurais.
Já os locais que produzem e compartilham geração de energia solar no Estado, ainda conforme a Aneel, são 90 ao todo.
A maior parte das distribuidoras de Mato Grosso do Sul aparece no mapa da agência nos municípios de Três Lagoas (55) e Santa Rita do Pardo (8), que também estão entre os que mais recebem energia solar compartilhada.
A Absolar estima que ao menos 30 empresas mantenham no Brasil usinas geradoras ou fazendas solares, como são chamadas propriedades com grandes placas de captação instaladas para gerar energia e atender ao mercado.
Empresas - A (re)energisa, marca do Grupo Energisa, investe no setor e possui 53 usinas para captação e geração de energia solar distribuída que estão localizadas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul.
Em todos os estados, são 3,5 mil assinantes. O diretor comercial do grupo, Rodrigo Sant’Ana, descreve como funciona a relação: "É serviço de energia limpa sob demanda, um modelo que livra o cliente do investimento inicial em placas fotovoltaicas, manutenção e gestão da conta. A energia gerada nas fazendas solares é disponibilizada na rede da concessionária local e o cliente passa a receber créditos para abater de sua fatura".
No início de abril, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou ter provado financiamento no valor de R$ 700 milhões para a (re)energisa ampliar suas operações, implantando 49 novas usinas fotovoltaicas de geração distribuída nos mesmos estados onde já atua. É o maior financiamento do banco para um projeto assim.
A startup IGreen Energy, por sua vez, trabalha conectando a proposta da empresa e de outras grandes do setor, como a Solatio e a 2W, ao consumidor. Licenciado para atender em Mato Grosso do Sul, Bruno Custódio afirma que é garantido ao cliente a economia de 15% ou a equivalente a duas faturas de energia anuais.
A adesão é gratuita e feita via portabilidade, ele continua. "Não precisa instalar as placas e o sistema, o que é muito caro, nem mexer com nenhuma burocracia. A adesão é gratuita e feita via portabilidade da conta de energia da atual distribuidora. É como se o cliente fosse trocar de operadora de celular, por exemplo", finaliza.
Maior usina de MS - Nesta terça-feira (18), o governo de Mato Grosso do Sul anunciou que a empresa espanhola Solatio vai construir a maior fazenda solar de Mato Grosso do Sul. Ela ocupará uma área de 3,5 mil hectares com seus painéis solares e terá capacidade de gerar 2,5 gigawatts.
As obras devem começar em setembro deste ano e o contrato para geração prevê início das operações em janeiro de 2025, afirmou o presidente da companhia, Pedro Vaquer.