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Cidades

Estado não atinge meta de vacinação contra poliomielite desde 2016

Em ano de pandemia, a cobetura, que já vem decrescendo ano a ano, deve ser ainda menor

Lucia Morel | 20/09/2020 07:43
Duas das principas vacinas para crianças até um ano de idade em Mato Grosso do Sul tiveram redução significativa em sua cobertura nos últimos anos. (Foto: Divulgação Sesau)
Duas das principas vacinas para crianças até um ano de idade em Mato Grosso do Sul tiveram redução significativa em sua cobertura nos últimos anos. (Foto: Divulgação Sesau)

Com redução gradativa e constante na cobertura vacinal, principalmente de crianças, o alerta para o retorno de certas doenças se acende. Em Mato Grosso do Sul, duas das principais vacinas que devem ser aplicadas até 1 ano de idade não alcançam a população ideal desde 2016  e 2017.

Uma delas é a que combate a poliomielite, erradicada no Brasil desde 1986, quando ocorreu o último caso registrado. A redução começou a dar sinais ainda em 2014, mas foi em 2016 o primeiro ano em que houve cobertura abaixo dos 95% previstos.

Dados do SI-PNI (Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde mostram que entre 2013 e 2015, a cobertura vacinal do imunobiológico variou entre 100,05% e 112,54%, ou seja, superou a meta estabelecida pelas autoridades em saúde.

Já em 2016 o alcance ficou em apenas 87,46%, dando salto expressivo em 2018, quando atingiu 101,73%, mas caiu novamente no ano passado, período em que a cobertura fechou em 92,47%, novamente abaixo do necessário.

Para este ano, os números esperados são ainda piores, já que há a pandemia, que limitou alguns serviços e obrigou o distanciamento e mesmo o isolamento em alguns casos.

O gerente de imunizações da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Evandro Ramos, explica que o prejuízo em 2020 será, além de outros fatores, decorrente da redução da chamada busca ativam, feita pelos agentes de saúde nas casas. O serviço deve ser retomado somente em outubro.

Penta - Outra vacina que teve queda significativa em sua cobertura foi a pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta.

Fonte: SI-PNI
Fonte: SI-PNI

Os números do SI-PNI mostram alcance menor que 95% desde 2017, quando o índice de crianças imunizadas chegou a 92,79% da meta. No ano seguinte, 94,80% e em 2019, somente 85,15% do público a que é destinada foi vacinado.

Evandro lembra que em todo ano passado e ainda em 2020, houve desabastecimento do medicamento em todo Brasil, prejudicando o alcance. Mas mesmo assim, a queda brusca dos últimos anos, revela o que ele classificou como “fake news de boca a boca”, que seria o fato de porque uma vacina está em falta, os pais não levam os filhos para serem imunizados com nenhuma. “Infelizmente acontece”.

Multi fatores - Ainda assim, o gerente afirma que tem havido uma redução gradativa na aplicação, decorrentes de inúmeros fatores que não apenas do “diz-que-me-diz”.

“Tem uma questão histórica aí. O movimento contra vacina veio com força e infelizmente muitas pessoas acreditam que a vacina não faz efeito nenhum ou que é um mecanismo de controle”, lamenta.

Além disso, há os próprios pais que muitas vezes atuam com descaso junto à saúde dos filhos, além das fake news de fato, que informam erroneamente sobre imunização, e também a baixa procura em si, muitas vezes provocada por uma falsa sensação de que a doença não existe mais. “São fatores que se complementam e que não sabemos dizer quanto de cada um influencia na baixa imunização”.

A pólio mesmo, teve o último caso registrado em 1986. “Aparenta que a população tem a falsa impressão que a doença foi erradicada pra sempre. Uma falsa sensação de segurança. Mas se há população não imunizada, a doença pode voltar”, afirma.

Esse é o principal problema decorrente da baixa cobertura. E segundo o especialista avalia, a tendência é que as coberturas caiam cada vez mais. Isso porque não é apenas nas vacinas para crianças que ocorre a redução, mas também nas de adultos. “O sarampo mesmo. Já temos sete casos em Campo Grande e era uma doença erradicada”, disse. Leia mais aqui.

Entre as outras vacinas cuja cobertura reduziu estão a de febre amarela, meningite, tuberculose e rotavírus.

Sobre a BCG, cuja cobertura é alta, Evandro afirma que ela é aplicada assim que a criança nasce, no próprio hospital, por isso o alcance seria maior. Quanto à segunda dose da Tríplice Viral, que também apresenta baixa cobertura, ele diz que pode ser aplicada até os dois anos de idade.

Reversão – Na tentativa de reverter o quadro – que é melhor em MS que no restante do País – o gerente afirma que as buscas ativas serão retomadas e ainda em outubro, será aberta uma campanha de multi vacinação em Campo Grande, na expectativa de recuperar   o tempo perdido por causa da pandemia.

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