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Cidades

Estudo de saneamento aponta lacunas na rede de esgoto e acesso à água em MS

Não tem acesso à rede de coleta de esgoto 42,5% da população, segundo a publicação

Por Cassia Modena e Antonio Bispo | 16/11/2023 11:51
Poças de água com cheiro ruim incomodam moradores de bairro da Capital, que têm rede e ligação de esgoto prometidos para até o fim de 2024 (Foto: Marcos Maluf)
Poças de água com cheiro ruim incomodam moradores de bairro da Capital, que têm rede e ligação de esgoto prometidos para até o fim de 2024 (Foto: Marcos Maluf)

Quase metade das moradias brasileiras enfrenta alguma lacuna relacionada ao saneamento básico. Isso quer dizer desde não haver coleta na rede de esgoto a até mesmo não acessar água potável ou ter um banheiro.

A estimativa é destaque em estudo publicado nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Trata Brasil, que analisou dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicados entre 2013 e 2022, em um compilado feito em parceria com o EX ANTE Consultoria Econômica e o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).

Mato Grosso do Sul é um dos que não aparecem no topo do ranking dos níveis alarmantes entre os Estados. Ele está terceira posição entre os que têm menor privação de abastecimento de água por rede na população (8,3%), por exemplo, segundo o estudo. Ainda assim, não deixa de ser problema haver pessoas sem água potável para beber em casa.

Onde o Estado mais precisa melhorar em relação aos demais é na disponibilização de reservatórios de água potável – caixas d'água e cisternas são exemplos – nas residências. O percentual da população que ainda não tem é o 11º maior do país.

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O que mais pode ser aprimorado é o acesso à rede geral de coleta de esgoto, tópico em que aparece na 17ª posição entre as demais unidades federativas.

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A realidade - Sentir cheiro ruim ao chegar em casa é a recepção nada agradável para os moradores da Rua 15, no Bairro Nova Campo Grande, na Capital. O problema está ligado à falta de rede de esgoto.

O caminhoneiro Raphael da Silva Adorno, 36, mora lá há dois anos e reclama não só do odor, mas também do gasto que isso acaba gerando para ele e a esposa.

"Muito complicado viver nessa situação. A água da chuva se mistura com a do esgoto e alaga aqui em frente. Tenho quatro fossas para fazer limpeza e um sumidouro na lateral. Para evitar que os veículos passem em cima da água suja e fedida, compramos brita para jogar em frente de casa. Gastamos R$ 700 a cada três meses", relata o morador.

Caminhoneiro e esposa gastam R$ 700 a cada 3 meses para lidar com problema (Foto: Marcos Maluf)
Caminhoneiro e esposa gastam R$ 700 a cada 3 meses para lidar com problema (Foto: Marcos Maluf)

A vice-presidente da associação de moradores do bairro, Emanoelly Siqueira, 39, também precisa lidar com o transtorno. Mesmo no calor que está fazendo, precisa deixar a casa fechada o dia todo para o cheiro não invadir o local. Além disso, limpa o quintal todos os dias porque as rodas do carro acabam trazendo os dejetos para a garagem.

A previsão, segundo a representante do Nova Campo Grande, é tudo ser resolvido até o final do ano que vem. Ela desacredita. "É uma obra complexa, demorada, e agora está tudo parado", afirmou.

No mês passado, uma reunião foi realizada entre a concessionária de água e esgoto de Campo Grande e os moradores. Nessa ocasião é que o prazo de mais de um ano foi dado para que a ligação e fiscalização da rede de esgoto contemple a todos no bairro.

Vice-presidente de associação de moradores não confia em previsão para resolver problema (Foto: Marcos Maluf)
Vice-presidente de associação de moradores não confia em previsão para resolver problema (Foto: Marcos Maluf)

Responsáveis - A reportagem procurou para comentar a pesquisa as duas principais prestadoras de serviço de saneamento em Mato Grosso do Sul. A primeira foi a Sanesul, responsável pela cobertura do serviço de saneamento de 68 dos 79 municípios.

A empresa informou que o fornecimento de água tratada está disponível para 100% da população daquelas localidades. Já a área de cobertura de esgotamento sanitário chegou aos 62% até agora. A Sanesul acrescentou que mantém obras para melhorias, ampliação e/ou implantação dos sistemas em 31 deles atualmente.

A outra empresa consultada é a Águas Guariroba, que atende toda a Capital. "Atualmente, Campo Grande possui cobertura de água universalizada, com praticamente 100% da população da cidade com acesso à água (o índice oficial é acima de 98,9%, considerado pelo Sistema Nacional de Educação Informações do Saneamento como universalizado", afirmou em nota.

Já na cobertura de esgoto, Campo Grande tem em mais de 86% da rede. "A concessionária desde o início deste ano realiza obras do programa Campo Grande Saneada em bairros da capital, com o objetivo de ampliar a rede de esgoto, com previsão de até o fim do ano chegar a 87% de cobertura. A concessionária prevê a universalização da cobertura de esgoto até 2029, antecedendo o cronograma do Marco do Saneamento que é até 2033", finalizou.

Quanto aos reservatórios de água potável, tanto a Sanesul quanto a Águas Guariroba informaram que são de responsabilidade dos proprietários.

Matéria atualizada às 15h15 para corrigir percentual de 83% de cobertura da rede de esgoto na Capital, anteriormente informado pela Águas Guariroba. Após a correção, passou a constar 86% no texto.

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