Fatalidade reforça a necessidade de atenção máxima de motociclistas em estradas
Pequena dose de planejamento e pode evitar muitos apuros e evitar acidentes
Pegar a estrada sob duas rodas é uma paixão de muitos aventureiros e pode ser muito prazeroso, mas exige atenção redobrada pela fragilidade do veículo e dos passageiros em caso de acidentes.
A fatalidade ocorrida na última terça-feira (16), na BR-060, entre Paraíso das Águas e o distrito de Bela Alvorada em Mato Grosso do Sul, que matou os motociclistas Clovis Zolet, de 63 anos e o mochileiro Tiago Escarcell Bohrer, de 32 anos, acendeu um alerta para a necessidade de manter atenção redobrada na pilotagem, nos equipamentos de proteção e manutenção dos veículos.
Clovis pilotava uma BMW 1200 sentido Camapuã/Paraíso das Água e ao tentar ultrapassagem em local proibido, por trecho de faixa continua dupla, atingiu a motocicleta Honda Titan 150 de Tiago que estava com a namorada Jennifer Santos Pereira dos Santos, de 19 anos.
Muitos erros e imprudências, como o do acidente fatal, ocorrem porque pilotar uma moto na estrada não é a mesma coisa que conduzir em uma via urbana. Pelo contrário. Há diferenças fundamentais entre a estrada e as ruas e avenidas.
Alguns fatores, como velocidade maior em relação ao ambiente urbano e o tráfego de veículos pesados, como caminhões e carretas, requerem que o motociclista adote o comportamento seguro e antecipe eventuais situações de risco e, assim, possa evitar acidentes, alerta o motociclista David Magela, 44 anos, membro do Abutre's Moto Clube Raça em Extinção, maior grupo de motociclistas do Brasil.
“A principal coisa é a manutenção periódica da motocicleta, que tem que estar em dia para não passar perrengue, principalmente pneu novo e parte elétrica independente da cilindrada, porque a moto gera energia própria e tem que estar em dia a manutenção em geral. Além disso, tem os equipamentos de segurança, como bom capacete, sapato fechado de cano longo para evitar pedras na canela, calça, luva, e uma boa jaqueta para em caso de acidentes aliviar a pele em caso de quedas”, frisa David, que há anos pega a estrada em uma motocicleta de 1.450 cilindradas.
Em relação a pilotagem, o experiente motociclista alerta que é preciso ficar atento à distância e à velocidade dos veículos que já estão na pista. “O principal é a atenção, porque você é um grão no oceano. Na estrada não é brincadeira estamos lidando com alta velocidade e parar uma moto pesada não é fácil, tem que ter cautela. Muitas pessoas abusam do motorzão, mas todo cuidado é pouco só quem está na estrada rodando sabe. Todo tempo de reação diminui em cima de uma moto, porque você não está sentado confortável como em carro, isso combinado com alta velocidade fica difícil ter uma reação rápida”.
Sobre o caso do acidente em especifico, o membro do grupo de motociclistas destaca o espirito aventureiro do mochileiro e a prudência que ele teve em toda a sua trajetória nas rodovias de 27 estados brasileiros, mesmo pilotando uma motocicleta de baixa cilindrada.
“Ele foi bastante prudente em toda a viagem, ainda mais com a namorada na garupa, tenho certeza que ele estava fazendo a caminhada certinha, com atenção ao transito e as leis, a imprudência pelo que foi divulgado foi do motociclista da BMW. Mas isso é uma fatalidade, eles estavam realizando um sonho e isso é muito bonito”, lamenta o membro do grupo.
Solidariedade – Membros do grupo Abutre's Moto Clube Raça em Extinção realizaram uma corrente para ajudar as famílias que vieram de Pelotas, Rio Grande do Sul, para Campo Grande após acidente.
“O clube acolheu a família, levamos para a sede, ajudamos com alimentação, hospedagem, levamos para a Santa Casa, entre outras coisas. Estamos dando esse apoio sem nem ao mesmo conhecer eles, a gente sabe o prazer dele em rodar de moto”, comentou David Magela.