Fórum reforça a importância de receitas e prontuários legíveis
Classe farmacêutica afirma que ainda há médico resistente à modernização para prescrições
Pelo fim das letras “garranchudas” nas receitas e prontuários médicos, nesta sexta-feira (20) aconteceu o VI Fórum da Prescrição Legível, durante o 1º Encontro Nacional dos Conselhos Regionais de Farmácia, no auditório do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Com o objetivo de garantir segurança e clareza na comunicação entre profissionais de saúde e pacientes, a prescrição legível está sendo uma pauta muito defendida no campo médico. Segundo Daniely Proença, presidente do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), além de inúmeros transtornos, no Brasil há casos de erros na leitura do medicamento, que resultaram em morte.
"Toda população tem o direito de ser atendida pelo farmacêutico e nós temos compromisso e responsabilidade de fornecer o medicamento correto, mas a gente sabe que existem medicamentos e receitas que não têm como a gente ter compreensão total. Então, esse trabalho que está sendo feito hoje aqui é para a proteção do farmacêutico, mas principalmente para a proteção dos pacientes", destaca Daniely.
O desembargador Nélio Stábile, coordenador do Comitê Estadual de Saúde do TJMS, reforçou que esse compromisso de tornar legível o que está sendo pedido no tratamento deve acontecer até nos prontuários e históricos dos pacientes.
“Todas as atividades médicas há necessidade de maior clareza. Eu consigo comparar da seguinte forma: imagina uma decisão judicial, manuscrita, com letra de garranchos, onde não sabemos o que foi deferido? Na medicina, é a mesma coisa! Precisamos ter legibilidade e clareza”, defendeu.
Já o defensor-geral do Estado, Pedro Paulo Gasparini, disse que só em 2023, dos mais de 10 mil atendimentos realizados no Núcleo de Saúde da Defensoria Pública, a maioria apresentava a problemática de dificuldade na leitura. Na visão dele, a população ter acesso a um documento que consiga ler faz parte da humanização da medicina.
“Isso se torna mais uma barreira a uma pessoa que já está num estado de vulnerabilidade. Precisamos reforçar em todas as instituições a importância que é ter um documento legível. Ele vai salvar vidas e auxiliar as pessoas no tratamento de saúde. Uma prescrição ilegível atrasa a solução de algo que deveria ser imediato”, disse Pedro Paulo.
É importante lembrar que em Mato Grosso do Sul está em vigor a Lei nº 3.629, de 29 de dezembro de 2008, determina que as receitas médicas e odontológicas sejam digitadas no computador e impressas pelo prescritor no momento da consulta.
Colírio para glaucoma - Um dos casos usados para exemplificar a importância de uma prescrição legível é do Ravi Lorenzo, de 2 meses, que morreu após ingerir um colírio de brimonidina e não a bromoprida receitada na unidade de saúde. A compra foi feita em uma farmácia do município de Formosa, no Distrito Federal, em março do ano passado.
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