Grupo que vendia dados do INSS atuava há 5 anos e lucrou com R$ 32,8 milhões
Em Campo Grande foi cumprido mandado de busca e apreensão contra servidor da autarquia
A Operação Mercado de Dados, que cumpriu mandado de busca e apreensão contra funcionário do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em Campo Grande, desarticulou três organizações criminosas que fraudavam benefícios previdenciários. A estimativa é que o grupo tenha obtido, com os crimes praticados, vantagens que superam R$ 32,8 milhões.
A ação cumpriu 18 mandados de prisão preventiva e 29 de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Alagoas, São Paulo, Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará e Distrito Federal.
Além dos mandados, a 4ª Vara Criminal Federal de Cascavel, no Paraná, determinou o sequestro e indisponibilidade de valores e aplicações, inclusive em previdência privada, e bens móveis e imóveis, no limite dos valores obtidos por cada grupo criminoso.
A investigação identificou que as três organizações criminosas eram distintas, porém realizavam transações entre si. Uma delas cuidava da aquisição e comercialização de dados sigilosos, obtidos mediante a prática de corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos em sistemas do INSS, violação de sigilo e divulgação de informações reservadas.
A segunda se concentrava na invasão dos sistemas do INSS/Dataprev, com o uso de credenciais vinculadas a servidores; e a terceira era especializada na prática de fraudes em saques e contratação fraudulentos de empréstimos consignados, mediante a obtenção e utilização de dados de titulares de benefícios previdenciários e a falsificação de seus documentos.
Estrutura - Segundo a PF, as organizações criminosas eram bem estruturadas e atuavam há 5 anos. As investigações apontaram, ainda, que os criminosos possuíam sofisticação e elevado grau de conhecimento informático dos meios de acesso e dos sistemas de benefícios do INSS, a ponto de obterem credenciais de acesso, tanto de servidores da autarquia, quanto de advogados da União e procuradores federais.
Os levantamentos dos indícios de irregularidade tiveram início em setembro do ano passado e revelaram que as organizações criminosas eram compostas por hackers que faziam uso de técnicas avançadas de invasão cibernética.
Eles conseguiam ingressar diretamente no banco de dados do INSS, além de empresas, legalmente constituídas, com atividades relacionadas a correspondentes de instituições financeiras, cobrança e informações cadastrais. Essas empresas comercializam, com outras empresas, os dados e as informações, objeto das práticas ilícitas.
Foi constatada a participação ativa de duas servidoras e de uma estagiária do INSS, que vendiam dados sigilosos de beneficiários. Até o momento foram identificadas a criação de 39.500 novas senhas, que eram repassadas a membros das organizações, além do desbloqueio de, pelo menos, 2.800 benefícios para empréstimos consignados, apenas nos últimos 3 meses.
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