ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
OUTUBRO, SEXTA  11    CAMPO GRANDE 22º

Cidades

Há quem escolheu MS ao invés da praia, mas e você, como veio parar aqui?

Quem plantou coração no solo sul-mato-grossense se nega a ir embora e diz ter fincado raízes

Por Natália Olliver | 11/10/2024 07:23
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Claudia Maria Medina ama o Estado e não largaria por nada (Foto: Osmar Veiga)
Claudia Maria Medina ama o Estado e não largaria por nada (Foto: Osmar Veiga)

Nem a praia me ganhou. Como dizem os antigos, acho que plantei o coração aqui'; 'É muito engraçado porque aqui me encontrei'; 'não largo não'; 'Finquei as raízes mesmo e aqui ficarei, eu amo”.

É assim, com sentimento de pertencer ao local que habitam, que pessoas não nascidas em solo sul-mato-grossense descrevem a sensação de terem sido acolhidas pelo Estado que hoje completa 47 anos. As histórias que começam em lugares distintos do Brasil se afunilam e acabam no mesmo lugar. Mas afinal, como essas pessoas vieram parar em Mato Grosso do Sul?

Em Campo Grande, há quem se negue a abandonar o Estado por ter se apaixonado pela cultura, natureza ou ritmo de vida. E mesmo aqueles que já saíram, retornam anos depois. A justificativa? Não encontraram lá fora o mesmo que o Estado oferece.

Quem ilustra bem esse caso é Tania Barretos, de 59 anos, ex-corretora de imóveis e agora artesã. As andanças a levaram de volta a Sorocaba, interior de São Paulo, cidade onde nasceu.

Apesar de retornar às origens, ela não se adaptou ao local e resolveu voltar. Tânia chegou ao Estado ainda adolescente com os pais. Além do município materno, ela também se mudar para Bauru, outra cidade do estado paulista. O fim foi o mesmo: arrependimento e retorno. A situação é explicada por ela com a famosa frase “de volta para minha terra”.

Tania Barretos, de 59 anos, artesã e ex-corretora de imóveis (Foto: Henrique Kawaminami)
Tania Barretos, de 59 anos, artesã e ex-corretora de imóveis (Foto: Henrique Kawaminami)

Antes de fincar os pés em Mato Grosso do Sul, a família, que saiu da Bahia, foi para Presidente Prudente e depois para Sorocaba.

“No início foi meio complicado porque o paulista é um pouco diferenciado do sul-mato-grossense, mas depois que me apaixonei. Já fui embora duas vezes, mas voltei. Não tenho vontade de ir embora. Fui pra outro estado, Santa Catarina é maravilhoso, mas nem a praia ganhou meu coração. Minha irmã mora em Santos, quando quero praia vou pra lá e volto. Como dizem os antigos, acho que plantei o coração aqui”.

Ela conta que ter atuado tanto tempo no Estado como corretora fez com que se sentisse em casa e conhecesse cada cantinho da Capital. “Trabalhei como corretora por 25 anos, conhecia bem a cidade, conhecia cada espaço e gostei dele, não tenho dificuldade em fazer amizades e relacionamento. Isso facilitou um pouco”. Hoje ela ensina artesanato para crianças e idosos na associação beneficente Amor à Vida.

Adélia Aparecida Soares, merendeira (Foto: Henrique Kawaminami)
Adélia Aparecida Soares, merendeira (Foto: Henrique Kawaminami)

No bairro Amambaí, em Campo Grande, ainda na associação, Adélia Aparecida Soares, de 47 anos, conta entusiasmada sobre como chegou em Mato Grosso do Sul. A baiana saiu da cidade de Formança do Rio Preto há 30 anos. O motivo? O casamento com o marido sul-mato-grossense.

Com a cara e coragem, a merendeira largou a cidade que amava para se aventurar em um Estado até então desconhecido. Foram 1.455 quilômetro, quase 24 horas de viagem.

“Casei e vim pra cá. Eu conheci meu esposo na minha cidade e com 4 meses me casei. Não conhecia nada. Eu amava minha cidade, mas aqui é bom, gostoso de morar. Minha vida é boa aqui, na minha cidade não tenho o conforto que tenho, como hospital, faculdade, trabalho, meu filhos não teriam faculdade”.

Os filhos também se negam a voltar para Bahia. Nascidos em solo sul-mato-grossense, eles alegam gostar de onde moram. “Eles amam aqui e querem ficar aqui”.

Se encontrar

A mineira Daniela Katiascia, de 47 anos, garimpava roupas na associação quando foi abordada pela reportagem. Tímida, a dona de brechó conta que já viveu em outros estados devido à profissão do marido, mas que se encontrou em Mato Grosso do Sul.

“Tem 5 anos que eu moro aqui. Meu esposo é militar. No início foi difícil, mas agora estou amando. É muito engraçado porque aqui eu me encontrei”. Antes de chegar à capital, Daniela morou seis anos no Rio de Janeiro. Ela e a família já moraram também em Cáceres, no Mato Grosso.

“A adaptação foi difícil, devido ao calor e a distância da família. Tenho dois filhos, meu menino ama aqui, eles falam que a cidade é fácil, tudo perto, não tem violência, pode andar tranquilo”.

Daniela Katiascia é mineira e se aventurou por vários estados do País (Foto: Henrique Kawaminami)
Daniela Katiascia é mineira e se aventurou por vários estados do País (Foto: Henrique Kawaminami)

Apesar de já ter vivido na cidade maravilhosa [Rio], ela conta que prefere Mato Grosso do Sul e que está tentando prorrogar a estadia por mais dois anos.

“A profissão do meu esposo transfere de lugar para lugar, já era pra ter ido embora. Nunca tive a oportunidade de mexer com brechó. Já fazia customização de roupa, mas brechó não. Chegou aqui me deu depressão, aí com isso comecei a ver o lado bom da cidade. Comecei a mexer com isso. Agora sou garimpeira e exponho em feiras”.

Sobre a fama dos sul-mato-grossenses serem menos receptivos, a mineira não concorda. A empreendedora explica que tem mais amizades com pessoas nascidas aqui do que com as vindas de outros estados que moram no mesmo condomínio que ela. “Não acho que o pessoal esteja fechado. Sempre quando alguém fala, eu conto que dei muita sorte”.

Grande fazenda iluminada

Há sete quilômetro do bairro Amambaí, no Cidade Jardim, a ex-médica veterinária, Sandra Caseiro, de 48 anos, diz que o Estado é como uma grande fazenda iluminada e a Capital descreve bem o conceito. Paranaense de nascença e sul-mato-grossense de coração, ela explica que depois que conheceu Mato Grosso do Sul não quer ir embora, senão para Bonito.

“Minha família veio para o Mato Grosso e depois fui fazer faculdade em Mato Grosso do Sul. Fiz veterinária, exerci e parei. Como nasci no Paraná e pensava que tudo era melhor lá, achei que faria faculdade em Maringá ou Londrina, aí abriu em Campo Grande e resolvi prestar o vestibular. Vim e acabei gostando. A cidade é maravilhosa, eu falo que é uma grande fazenda iluminada, o Estado é assim. É tranquilo. Eu gosto daqui”.

Sandra Caseiro, ex-veterinária e empreeendedora (Foto: Osmar Veiga)
Sandra Caseiro, ex-veterinária e empreeendedora (Foto: Osmar Veiga)

Após 20 anos exercendo a profissão, a empreendedora explica que já conheceu outros municípios do Estado e garante que a terra é boa para se viver. “Cansei da profissão, mexia com animais de grande porte, viajava muito, cansei. Aí o que era hobby virou o trabalho". Tem dois anos que está no ateliê na Cidade Jardim.

Bairrismo e amor

A grama do vizinho nem sempre é mais verde. Não para a estudante Karina e a floriculturista Claudia Maria Medina. No bairro Maria Aparecida Pedrossian, a comerciante Claudia, de 51 anos, bate o pé e declara com todas as letras o amor pelo Estado.

”Finquei raízes aqui mesmo e aqui ficarei. Minha família é daqui, de antes da criação do Estado, sou de Itaquiraí [município a 405 quilômetro de Campo Grande]. Nesses meus 51 anos nunca saí, mas ano passado fiquei 30 dias no interior de São Paulo e que saudade daqui, era uma cidade linda, lembrava Campo Grande, mas tive a oportunidade de voltar e sou apaixonada por esse Estado”.

Nascida e criada em solo sul-mato-grossense, Claudia se orgulha de ter tido quatro filhos e um neto aqui. “Fiquei até os 10 anos em Itaquiraí, tive oportunidade de passar por outros municípios, eu gosto muito. Nosso Estado é novo, tem muito pra crescer e muita gente pra ouvir e conhecer. Quando você escuto as pessoas falarem que escolhem o Mato Grosso do Sul é verdade, eu não trocaria”.

Claudia Maria Medina, sul-mato-grossense raiz (Foto: Osmar Veiga)
Claudia Maria Medina, sul-mato-grossense raiz (Foto: Osmar Veiga)

Quanto à fama dos residentes, ela também acredita ser exagerada. Que sul-mato-grossenses não são fechados, mas sim desconfiados. “Pessoal fala que tem gente que não costuma cumprimentar quem não conhece, é verdade, acho um defeito nosso. Mas isso acho que é meio desconfiança, que é coisa daqui. Os outros têm esse costume de cumprimentar. Mesmo assim, não trocaria o Pedrossian, Campo Grande e o MS”.

Para Karine Moreira Borges, de 22 anos, a vida na praia não é mais legal ou bonita que viver no Estado. Bairrista raiz, a estudante de fisioterapia comenta que nasceu e cresceu na Capital. A família era de Ponta Porã.

“Eu gosto muito daqui, do Estado inteiro. Eu já fui para outros estados e acho muito diferente, trânsito, natureza. Já fui para São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O que me faz ficar é isso, a natureza, o Pantanal. Sou mais acostumada a ficar aqui do que ir para praia”.

Karine Moreira Borges, estudante de fisioterapia em Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)
Karine Moreira Borges, estudante de fisioterapia em Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)

Estar no bioma é uma tradição de família. Todos os anos eles se reúnem no local para comemorar. “Vamos muito para o Pantanal. Temos essa conexão. Minha família vai pra lá. Minha avó é de Ponta Porã. Acho que o sentimento é esse de se encontrar aqui. Tenho uma amiga que é do Rio e fala que não volta mais pra lá”.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Quer nos contar a sua história? Participe da enquete na capa do Campo Grande News e comente nas nossas redes sociais.

Enquete

Por que você escolheu morar em MS?

Oportunidade de trabalho

49%

Oportunidade de estudo

3%

Qualidade de vida

49%
Este site é protegido pelo reCAPTCHA e pelo Google.
Política de Privacidade e Termos de serviço.
Nos siga no Google Notícias