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Cidades

Indícios apontam mesmo grupo em 4 roubos a banco, mas 3 inquéritos ainda seguem

Garras levantou suspeitas de que mesma quadrilha agiu em duas agências da Caixa e tentou invadir prédio do BB

Marta Ferreira | 14/06/2021 15:59
Veículo Fiat Punto vinho, circulado de vermelho na imagem, foi o ponto de partida para investigação do Garras após roubo na Caixa em 2019. (Foto: Reprodução de processo)
Veículo Fiat Punto vinho, circulado de vermelho na imagem, foi o ponto de partida para investigação do Garras após roubo na Caixa em 2019. (Foto: Reprodução de processo)

Tem orelha de  gato, tem focinho de gato, tem rabo de gato. Parece ser gato, mas é preciso provar por a + b que é gato. A adaptação da máxima usada por quem trabalha com investigação policial cabe direitinho no retrospecto sobre quatro crimes contra bancos ocorridos em Campo Grande nos últimos cinco anos. Há indícios de serem todos obra do mesmo grupo criminoso, mas só um dos casos foi elucidado até hoje, justamente o último deles, a audaciosa tentativa de invadir o Nuval (Núcleo de Valores) do Banco do Brasil no Bairro Coronel Antonino, na semana anterior do Natal de 2019 - quando dois bandidos morreram e cinco foram presos.

Na segunda fase de investigação, outras 17 pessoas foram identificadas como participantes da empreitada frustrada. Elas estão sendo processadas judicialmente, a maioria delas no cárcere.

A organização criminosa, como foi exaustivamente divulgado, queria levar R$ 200 milhões por meio de túnel de mais de 70 metros, mas foi impedida pela equipe do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros). Para chegar a esse resultado, os policiais trabalharam seis meses acompanhando suspeitos, a partir dos vestígios deixados pelo último crime do tipo ocorrido antes, o assalto à Caixa Econômia Federal na Avenida Gunter Huns, no Jardim Aero Rancho, em 15 de julho de 2019.

Naquele dia, uma segunda-feira, três homens invadiram a agência por volta das 11h, horário de início do atendimento ao público. Fugiram levando em torno de R$ 300 mil. Ao tentar reconstruir os passos dos bandidos, o Garras localizou o carro usado na fuga, Fiat Punto de cor vinho, descoberta que levou à longa investigação que deteve a invasão ao Banco do Brasil quase meio ano depois.

Mais do que isso, a força-tarefa formada pelo Garras foi desvendando, aos poucos, ligações entre os participantes das investidas criminosas anteriores, até mesmo imagens de suspeito com as mesmas características em três dos quatro fatos.

Suspeito com as mesmas características aparece em imagens de crime nos BB em 2016 e na Caixa em 2018 e 2019. (Foto: Reprodução de processo)
Suspeito com as mesmas características aparece em imagens de crime nos BB em 2016 e na Caixa em 2018 e 2019. (Foto: Reprodução de processo)

Cronologia - A primeira ação foi em 17 de maio de 2016,  quando dois ladrões, vestidos de funcionários, levaram em torno de R$ 1 milhão da agência do Banco do Brasil na Avenida Afonso Pena, depois de render funcionários da tesouraria da unidade bancária.

O outro caso foi em 23 de novembro de 2018, quando dois homens renderam o vigia de agência da Caixa da Avenida Mato Grosso, e esperaram o gerente chegar para abrir o cofre. Nesse episódio, estratégia preventiva de segurança impediu a concretização do malfeito. O vigia disse uma senha errada para o gerente, que desconfiou e, então, a dupla fugiu.

Em 15 de julho de 2019, o intento foi concretizado, com a fuga dos bandidos em um carro vermelho e a consequente decisão do Garras de escarafunchar o assunto para tentar achar os culpados pelo roubo no Banco do Brasil, em 2016,  em razão de semelhanças entre os modos de agir.

É bom explicar: a atribuição para elucidar os responsáveis por ocorrências envolvendo a Caixa como vítima é da Polícia Federal, por se tratar de empresa pública da União. Quando o alvo é o Banco do Brasil, a tarefa é da Polícia Civil.

Logo depois do roubo à Caixa, a apuração do Garras teve um primeiro êxito. Prendeu Anderson Lourenço, e a ex-mulher dele, Nilmara de Souza Rosa. Com ele, foi achada arma furtada do vigia da agência invadida pela dupla. Ela, por sua vez, havia trabalhado tanto no Banco do Brasil quando na Caixa, levando a desconfiança de ter auxiliado com informações sobre a rotina do banco.

Como está – Sobre esse caso, a reportagem apurou que Nilmara acabou inocentada pela Justiça por falta de provas e liberada. Anderson foi condenado, pelo crime envolvendo o armamento e está cumprindo pena. A participação no roubo em si ainda é objeto de inquérito no Garras.

Quanto aos crimes que tiveram a Caixa como vítima, a Superintendência da Polícia Federal informou que quanto à ocorrência de 15 de julho de 2019, as investigações estão em andamento.

A PF está realizando diligências para identificar os responsáveis e posteriormente indiciá-los”, diz a resposta à reportagem.

Sobre a situação de 2018, a informação da PF é de que está a cargo da Polícia Civil, porém essa informação foi negada pela Corporação estadual.

Sobre o fato de ser o mesmo grupo envolvido em todas as atividades ilícitas, a PF informou ainda não poder fazer essa correção.

A Polícia Civil, como é praxe, compartilhou com a força de segurança federal as descobertas feitas.

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