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Capital

Justiça mantém presa quadrilha que abriu túnel para furtar 200 milhões do BB

Decisão mantém 7 integrantes da quadrilha responsável por túnel de 70 metros que iria até agência do Banco do Brasil

Silvia Frias | 08/02/2021 14:01
Parte dos integrantes da quadrilha que tentou furtar agência do Banco do Brasil (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)
Parte dos integrantes da quadrilha que tentou furtar agência do Banco do Brasil (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)

A Justiça em Campo Grande manteve as prisões preventivas dos sete acusados pela tentativa de furto no Núcleo de Valores do Banco do Brasil, ocorrido na madrugada de 22 de dezembro de 2019. O grupo escavou túnel de cerca de 70 metros de imóvel próximo até o cofre da central, com intenção de levar R$ 200 milhões da instituição.

No indeferimento do pedido, no dia 2 de fevereiro deste ano, a juíza Eucélia Moreira Cabral recorreu ao histórico de integrantes da quadrilha, que já haviam sido responsáveis por três outras ações criminosas contra bancos em Campo Grande, que resultaram no roubo de R$ 1,4 milhão.

A análise da manutenção da prisão é feita regularmente pela Justiça e, neste processo, refere-se a Bruno de Oliveira Souza, Eliane Goulart Decursio de Brito, Francisco Marcelo Ribeiro, Gilson Aires da Cota, Lourinaldo Belisário de Santana, Robson Alves do Nascimento e Wellington Luiz dos Santos Junior.

De todos, apenas a defesa de Gilson Aires da Costa se manifestou, pedindo a revogação da preventiva ou benefício da liberdade provisória. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) foi contrário a qualquer concessão de liberdade, justificando se tratar de organização criminosa especializada e que poderia voltar a agir, em caso de liberdade.

A juíza Eucélia Cabral, em substituição legal na 2ª Vara Criminal de Campo Grande manteve a prisão dos envolvidos. A magistrada levou em conta a periculosidade dos envolvidos na quadrilha, cujos integrantes tem histórico na participação de três outros roubos ou tentativas em Campo Grande.

Os assaltos foram realizados para financiar o que seria o maior deles, no Nuval: em 17 de maio de 2016, quando foram levados R$ 1,1 milhão da agência do BB na avenida Afonso Pena, a tentativa na Caixa, em 23 de novembro de 2018, que não deu certo, porque o gerente percebeu a intenção e em 17 de julho de 2019, na Caixa da Avenida Gunter Hans, quando o bando levou R$ 300 mil.

“Mal grado a pretensão da Defensoria pública, o Código de Processo Penal não exige apenas a contemporaneidade para manutenção da prisão preventiva, podendo esta fundar-se em outras circunstâncias, em especial a gravidade dos fatos ora debatidos”.

Sacos de terra encontrados no depósito do bando (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)
Sacos de terra encontrados no depósito do bando (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)

O indeferimento foi publicado hoje na edição do Diário da Justiça.

Roubo – A tentativa de roubo ao Banco do Brasil foi descoberta pela equipe do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro) a partir dos assaltantes anteriores. A polícia tinha informação de que eles agiriam no dia 22 de dezembro e, com isso, desencadearam a operação.

Naquele dia, a primeira fase da operação foi realizada e terminou com a prisão de sete pessoas: Wellington Luiz dos Santos Junior, 28 anos; Lourinaldo Belisario de Santana, 51 anos; Robson Alves do Nascimento, 50 anos; Gilson Airis da Costa, 43 anos; Eliane Goulart Decursio, 36 anos; Francisco Marcelo Ribeiro, 42 anos e Bruno Oliveira de Souza, 30.

Outros dois suspeitos, identificados como Antônio de Melo Leal, o Barba de 42 anos, e José Williams Nunes Pereira da Silva, natural de Caxias (MA), de 48 anos, foram mortos em confronto com os policiais. Segundo as investigações, Renato era um dos líderes do grupo e William o idealizador do plano.

Na hierarquia da quadrilha, havia os três gerentes – “Velho”, “Barba” e um terceiro que ainda está foragido – o chamado núcleo de apoio era composto por seis pessoas,  responsáveis pelo suporte permanente aos criminosos e a quarta divisão, que segundo as investigações, era formada por 7 indivíduos que trabalhavam na escavação do túnel, conhecidos como “tatus”.

O furto era arquitetado há pelo menos três anos. As investigações apontaram que o esquema já custava R$ 1 milhão, incluindo custo com aluguel, água e luz dos locais utilizados para executar o roubo. Os homens que trabalhavam na escavação recebiam R$ 2 mil por semana pelo trabalho.

Túnel escavado pela quadrilha, trabalho feito pelos 'tatus' do bando (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)
Túnel escavado pela quadrilha, trabalho feito pelos 'tatus' do bando (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)

O líder da quadrilha, conhecido como “Velho”, o gerente do grupo foi preso no dia 13 de março de 2020, na cidade de Marilia, interior de São Paulo, durante a segunda fase da Operação Euphractu – realizada em sincronia com à Operação Hórus.

As equipes de investigação descobriram que “Velho” na verdade se chamava Ernandes Pereira da Silva e usou mais de dez identidades diferentes para cometer crimes por todo o país.

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