Sem mais prisões, Garras encerra apuração sobre tentativa de invadir banco
As apurações concluíram que o lucro obtido com o crime seria dividido entre os nove participantes identificados
Sem prender mais ninguém, a investigação sobre a tentativa de furto à agência do Banco do Brasil em Campo Grande foi encerrada. De acordo com o delegado João Paulo Sartori, da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), as apurações concluíram que o lucro obtido com o crime seria dividido entre os nove participantes identificados, os dois que foram mortos e sete que foram presos em operação no dia 22.
No dia seguinte, durante vistoria no imóvel de onde partia túnel, escavado para chegar ao cofre da agência, ventilou-se a informação de que até 25 pessoas estariam envolvidas no esquema, mas segundo Sartori, a informação não é verdadeira. “Finalizado o trabalho. Todos os envolvidos foram presos”.
O corredor debaixo da terra já tinha cerca de 70 metros de comprimento e começou a ser cavado de uma edícula nos fundos da residência na Rua Minas Gerais, próxima à agência que funciona na Avenida Presidente Castelo Branco, na região do Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande.
A polícia estimou que a quadrilha já havia gasto R$ 1 milhão na operacionalização do esquema. O montante foi usado para pagar o aluguel da casa de onde partiu o túnel, que já chegava quase debaixo do cofre da agência, e de outros imóveis de apoio –havia rotatividade e chegaram a 6–, as contas de água e luz, a alimentação. Os homens que trabalhavam na escavação recebiam R$ 2 mil por semana pelo trabalho.
O plano de invadir o cofre do banco era arquitetado há pelo menos três anos. A investigação apontou que um dos escavadores foi “contratado” em 2016, na prisão.
Nada sobre o quanto o grupo pretendia furtar foi divulgado. Os investigadores dizem apenas que a expectativa dos bandidos era conseguir cifra milionária, mas não informam se em dinheiro vivo, joias, ouro ou cheque, por orientação do banco.
A agência em questão é a central que atende Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, responsável pela operacionalização de todas as transações bancárias dos dois Estados.
Mortos, ferido e presos – Extremamente organizada, a quadrilha não tinha um, mas vários mentores, ou “professores” ao estilo da série “La Casa de Papel”. Outras pessoas exerciam as funções de projetistas, contadora e “tatus”, como eram chamados os homens que trabalhavam na escavação do túnel. Os integrantes são de estados do Nordeste, São Paulo e Mato Grosso.
Classificado pela investigação como um dos idealizadores do crime, José Willians Nunes Pereira da Silva, 48 anos, natural de Caxias (MA) foi morto no confronto com policiais na madrugada do domingo, 22 de dezembro.
José Willians foi preso em novembro de 1998, acusado de participar de roubo a uma agência da Caixa na Rua Augusta, em São Paulo, no dia 17 de outubro daquele ano. Foram roubados R$ 6 milhões em joias de 5 mil clientes. José foi preso na zona norte da capital paulista. Na casa dele, os policiais encontraram três walkies-talkies, revólver calibre 32 e montante de joia.
Antônio de Melo Leal, foragido de São Paulo, também foi morto. Ele usava documento falso com o nome de Renato Nascimento Santana, de 42 anos e é considerado um dos líderes da organização.
Bruno Oliveira de Souza, de 30 anos, que foi ferido na ação e estava na Santa Casa de Campo Grande, já teve alta e está preso.
Na operação, também foram presas sete pessoas: os “projetistas” Robson Alves do Nascimento e Lourinaldo Belisário de Santana, de 51 anos; a contadora Eliane Goulart, 36 anos; e Wellington Luiz dos Santos Junior, de 28 anos, Francisco Marcelo Ribeiro, de 41 anos, e Gilson Aires da Costa, de 43 anos, que são pedreiros de profissão e foram “contratados” para a escavação.