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Capital

Veja como é o túnel cavado por ladrões até cofre da Central do Banco do Brasil

Em Campo Grande, túnel foi aberto em 35 dias e era semelhante ao do roubo ao Banco Central de Fortaleza, em 2005

Ângela Kempfer | 23/12/2019 10:28
Túnel aberto em casa na Rua Minas Gerais, no bairro Coronel Antonino. (Foto: Henrique Kawaminame)
Túnel aberto em casa na Rua Minas Gerais, no bairro Coronel Antonino. (Foto: Henrique Kawaminame)

A sensação dentro do túnel aberto por quadrilha que planejava invadir banco em Campo Grande é de estar em um filme. Os ladrões usaram uma das estratégias que mais rende no cinema: cavaram por cerca de 70 metros, até chegar sob o cofre da Central Administrativa do Banco do Brasil, uma das unidades que guarda boa parte do dinheiro que circula pelas agências da instituição na Capital.

Cerca de 6 metros abaixo do solo, a estrutura é bem semelhante a de um dos crimes mais famosos da história brasileira, o roubo ao Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005. Entre os 7 presos e 2 mortos, alguns integrantes vieram do nordeste.

Para ter uma noção sobre o plano elaborado pelos assaltantes para execução aqui, no Ceará o túnel era apenas um pouco maior, com 75 metros. Contando que em Mato Grosso do Sul a quadrilha não chegou a concluir o percurso, o tamanho poderia ser igual.

O repórter cinematográfico Henrique Kawaminami entrou no túnel na manhã desta segunda-feira e sentiu um pouco como era passar os dias ali dentro. “É muito pequeno, no começo até tem mais espaço, mas ai afunila e fica com cerca de um metro de largura por um de altura. Não dá para andar, a gente entra agachado e depois tem de andar de quatro. É muito quente e só nos pontos que tinham ventiladores melhorava um pouco”, relata.

Veja o vídeo feito por ele:

Em Campo Grande, enquanto os vizinhos nem notavam a presença da quadrilha, o bando tirava 100m³ de terra por dia do subsolo, avançando 2 metros a cada 24 horas, estima a polícia, o que representa 35 dias cavando. O responsável era um dos integrantes do grupo, dono de uma empresa de construção civil.

Para executar o plano, eram utilizados macacos hidráulicos, carrinhos de mão, cordas e muitos sacos para armazenar a terra. A sustentação era feita com canos de ferro e madeira. A iluminação tinha lâmpadas de led e ventiladores foram achados ao longo de todo o percurso. Até interfone foi instalado para a comunicação com o restante do grupo.

Não eram usados equipamentos pesados, para evitar barulho e não levantar suspeitas. Por isso, o serviço era no braço, em sistema de rodízio entre os integrantes do bando.

A base ficava na Rua Minas Gerais, no bairro Coronel Antonino, a uma quadra da Central Administrativa, ao lado de uma oficina mecânica e outros prédios comerciais. A polícia ainda não informou como descobriu o esquema, mas o plano foi descoberto dias antes da quadrilha entrar no banco, quando os últimos metros, para o acesso ao cofre, começavam a ser abertos.

Madeira e ferro usados para estruturar e túnel não desabar. (Foto: Henrique Kawaminami)
Madeira e ferro usados para estruturar e túnel não desabar. (Foto: Henrique Kawaminami)
Centenas de sacos de terra empilhados em casa na Rua Minas Gerais.  (Foto: Henrique Kawaminami)
Centenas de sacos de terra empilhados em casa na Rua Minas Gerais. (Foto: Henrique Kawaminami)
Entrada para o túnel que levava até o cofre do banco.
Entrada para o túnel que levava até o cofre do banco.
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