Justiça quebra sigilo telefônico de quadrilha que cavou túnel até banco
Pedido foi formulado pela Polícia Civil, que busca identificar dois homens que seriam superiores na hierarquia da quadrilha presa
A Justiça em Campo Grande autorizou a quebra de sigilo telefônico dos sete presos envolvidos na tentativa de furto a agência do Banco do Brasil, em que um túnel estava sendo cavado até o cofre. A intenção é identificar outros envolvidos no esquema, como dois homens citados como “Barba” e “Véio”.
O pedido foi feito no inquérito da Polícia Civil e citado na denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) contra os sete presos: Wellington Luiz dos Santos Junior, 28 anos; Lourinaldo Belisario de Santana, 51 anos; Robson Alves do Nascimento, 50 anos; Gilson Airis da Costa, 43 anos; Eliane Goulart Decursio, 36 anos; Francisco Marcelo Ribeiro, 42 anos e Bruno Oliveira de Souza, 30 anos.
Consta que o acesso aos dados telefônicos seria a única forma de evidenciar as circunstâncias do crime e, ainda, identificar demais envolvidos. Os delegados envolvidos na investigação também solicitaram a coleta de material genético dos presos. O promotor plantonista Rodrigo Yshida Brandão, porém, opinou pelo indeferimento nas duas situações, avaliando que a justificativa de “subsidiar outras investigações” é muito vago.
Mas a juíza do caso, Luciane Buriasco Isquerdo, entendeu a quebra do sigilo telefônico é importante para identificar “Barba” e “Véio”. Segundo a magistrada, “nos aparelhos celulares (...) podem estar inúmeros dados confidenciais da pessoa, conversas, dados bancários, fotos, dentre outros que podem esclarecer a forma de atuação e identidade de todos os envolvidos”.
Sobre o pedido de coleta de material genético, a juíza seguiu o parecer do MPE, indeferiu a solicitação e disse que pode ser reapresentado pela Polícia Civil de forma mais específica.
Denúncia – Segundo investigação policial, Wellington, Lourinaldo, Francisco Marcelo e Bruno Oliveira foram os responsáveis por cavar o túnel, sob supervisão de pessoa identificada como “Barba”, que reportava o andamento do serviço ao “Véio”, seu superior hierárquico. Bruno também seria responsável pelo transporte do dinheiro em um caminhão, caso o plano tivesse seguido.
Gilson Airis, em princípio, foi contratado para cavar túnel, mas, com fobia de ambiente fechado, não conseguiu continuar na atividade e tornou-se cozinheiro do grupo; Robson Alves alugou um dos imóveis usados pela quadrilha, na Rua José Barbosa Rodrigues e “cuidava das despesas da casa”, com dinheiro enviado por “Véio”, sendo auxiliado pela esposa, Eliane.
O grupo foi denunciado pelos crimes de furto qualificado, porte ilegal de arma e formação de quadrilha.
Plano – O grupo estava sendo monitorado há seis meses pela Polícia Civil. O lucro obtido, previsto em cerca de R$ 200 milhões, seria dividido entre nove participantes identificados. No entanto, o plano foi interrompido no sábado, dia 21 de dezembro, quando policiais da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) prenderam sete e mataram dois membros da quadrilha: José Williams Nunes Pereira e Antonio de Melo Leal.
O furto era arquitetado há pelo menos três anos. As investigações apontaram que o esquema já custava R$ 1 milhão, incluindo custo com aluguel, água e luz dos locais utilizados para executar o roubo. Os homens que trabalhavam na escavação recebiam R$ 2 mil por semana pelo trabalho.