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Cidades

Indígena de MS usa reunião em Nova York para criticar desmatamento

Luiz Eloy é advogado de um dos acionistas da BlacRock, considerada maior investidora do mundo

Mayara Bueno e Aline dos Santos | 27/05/2019 13:59
Indígena de MS usa reunião em Nova York para criticar desmatamento
Luiz Eloy com Sônia Guajajara, em Nova York (Foto: Divulgação/Arquivo).

Em Nova York para reunião anual de acionistas da BlackRock, maior gestora de investimentos no mundo, o terena de Mato Grosso do Sul, advogado Luiz Eloy, fez uso da palavra para falar sobre números de desmatamento e outros impactos aos povos indígenas causados pelo agronegócio.

O indígena participou da reunião como advogado de um dos acionistas que detém ações na investidora. “Estamos, desde 2015, tentando pedir embargos econômicos a produtos do agronegócio produzidos em terras indígenas ou em áreas de conflito com comunidade indígena”, afirmou Eloy ao Campo Grande News.

A reunião acontece anualmente para apresentação de números sobre lucro e investimentos. “A BlackRock é a principal investidora do agronegócio brasileiro, eles têm mais de US$ 6 trilhões investidos na JBS e Bunge, empresas que impactam diretamente MS”, explicou.

Após dizer seu nome, o advogado anunciou que era do Brasil, “de uma região chamada Mato Grosso do Sul, lugar marcado pelo intenso conflito entre indígenas e empresas do agronegócio”. Segundo Eloy, o objetivo foi apresentar os impactos dos investimentos nas terras indígenas e meio ambiente.

Ele afirmou, ainda, que no Brasil são 419 povos indígenas, dos quais, 114 são isolados e vivem na Amazônia. Estas pessoas estariam ameaçadas pelo avanço do desmatamento ilegal das florestas promovido pelo agronegócio.

Ainda em discurso, o indígena lembrou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, enquanto candidato em 2018, já dizia que não iria demarcar mais “nenhum centímetro de terra indígena”. “Comprometendo, assim, a preservação das nossas florestas e de nosso clima”.

“No Brasil, de um total de 1.306 terras indígenas, temos ainda 822 a serem demarcadas. São justamente essas terras que atualmente estão mais vulneráveis e expostas a exploração pelo agronegócio”, afirmou o indígena para a plateia de acionistas em Nova York.

Para exemplificar, o indígena disse que, em 2018, 100 mil hectares de floresta, “o que equivale a 100 mil campos de futebol”, foram destruídos na Bacia do rio Xingu. Para expandir a agropecuária, afirma, 150 milhões de árvores foram derrubadas somente nesta região.

“Então, na medida que eles apresentaram muitos números referentes a produção e ao lucro deles, eu causei até um constrangimento quando eu pedi a fala, enquanto acionista, para falar de outros números, como o crescente número de desmatamento e terras que faltam ser demarcadas”.

Luiz Eloy diretamente para o presidente da investidora Laurence Fink e pediu, ainda, que a BlackRock exija da JBS e Bunge, além de outras empresas agropecuárias financiadas por ela no Brasil, a fiscalização das cadeias produtivas até o fim do ano e a restrição de compra de produtos oriundos de propriedades localizadas nas terras indígenas.

Segundo a Folha de São Paulo, que divulgou o episódio, a BlackRock não comentou a situação, afirmando em seu site que leva em consideração responsabilidade ambiental nas empresas que investe.

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