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Cidades

Infectologista diz que MS caminha para "colapso da rede assistencial"

Rivaldo Venâncio diz que números caíram em países que adotaram medidas restritivas legais e teme pela falta de leitos em MS

Silvia Frias e Guilherme Correia | 02/07/2020 14:17
Professor Francisco Santos (dir) e Rivaldo Venâncio (esq) durante live sobre cenário da covid-19 no País (Foto/Reprodução)
Professor Francisco Santos (dir) e Rivaldo Venâncio (esq) durante live sobre cenário da covid-19 no País (Foto/Reprodução)

A escalada do novo coronavírus (covid-19) em Mato Grosso do Sul é vista com pessimismo pelo médico infectologista Rivaldo Venâncio, que avaliou cenário em que a população do Estado irá “sofre muito, mas muito” com a pandemia. Para ele, o Estado “está caminhando a passos largos a um colapso de rede assistencial.

Dados do boletim da SES (Secretaria Estadual de Saúde) já contabilizam 9.062 infectados pela covid-19 e 91 mortes. De ontem para hoje, foram 386 novos registros confirmados da doença.

Venâncio disse que o isolamento somente funcionou nos casos dos países que adotaram “medidas restritivas legais”.

A avaliação foi feita em entrevista feita ao historiador e professor Francisco Santos, de Campo Grande, em live transmitida em redes sociais no dia 25 de junho. Venâncio é de MS e, atualmente, coordenador de Vigilância  em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), mas enfatizou durante a live que estava emitindo opinião pessoal e não institucional.

“O número de casos tenderá a aumentar numa velocidade ainda maior, e se aumentamos o número de caso, é lógico que o volume de casos graves também aumente. Aqueles que necessitarão de rede de terapia intensiva, que dependendo do percurso, não estará disponível” avaliou o infectologista, citando o que ocorreu no Rio de Janeiro em maio, em que havia lista de cerca de 400 pessoas na fila por leito de UTI. “Essa realidade poderá acontecer no Mato Grosso do Sul, guardada as devidas proporções da população, evidentemente, se nada for feito”.

Venâncio explicou que a queda no número de casos somente foi constatada nos países que por meio de medidas restritivas legais. “Não há país no mundo que tenha sido feito de forma espontânea”.

A comportamento da população se reflete na discrepância entre o discurso e a prática adotado pelos governos. “Nós estamos querendo que a população não vá ao shopping, mas os shoppings estão abertos; falamos às populações não irem aos bares, restaurantes, mas eles estão abertos (...), estamos falando para população não ir em locais onde possam aglomerar pessoas, mas não fazemos nada para impedir o funcionamento dessa rede”, disse o infectologista, explicando que está sendo exigida consciência sanitária ao mesmo tempo que os locais estão autorizados ao funcionamento.

Na avaliação dele, é preciso união no entendimento. “Governos, poderes públicos, poderes judiciários e Ministérios Públicos têm que sentar em volta de uma mesa e tentarem entender o que está acontecendo”.

Desde que MS começou a registrar casos de covid-19, as medidas restritivas estão sendo adotadas conforme o entendimento de cada prefeitura. Somente no dia 19 de junho, o governo estadual baixou decreto obrigando uso de máscara em todas as cidades do Estado.

Em Campo Grande, comércio e viagens intermunicipais, por exemplo, chegaram a ser suspensos em março, mas tiveram retomadas autorizadas a partir de abril. Em junho, o transporte interestadual também foi liberado.

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