Ex-coordenador da Apae preparava fuga para a Itália
Ele iria para lá após obter cidadania, o que inclusive o impediria de ser extraditado para o Brasil
O ex-coordenador da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Paulo Henrique Muleta Andrade, buscava cidadania italiana para fugir para Vicenza, na Itália, e escapar das ações judiciais e possíveis penas por corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil. A intenção foi descoberta por meio de interceptações telefônicas, e ele acabou preso pela segunda vez pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
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O ex-coordenador da Apae, Paulo Henrique Muleta Andrade, foi preso novamente pelo Gaeco em operação conjunta com o Gecoc, após tentativas de fuga para a Itália e de burlar ordens judiciais. Interceptações telefônicas revelaram que ele planejava obter cidadania italiana para escapar de ações judiciais no Brasil. Muleta, que já havia sido preso na Operação Turn Off, é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, com bloqueio de bens no valor de R$ 8,9 milhões. A prisão preventiva foi decretada devido à continuidade de práticas ilícitas, mesmo após sua soltura anterior.
A prisão ocorreu na manhã de hoje, durante a Operação Occulto, deflagrada em conjunto com o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Muleta foi detido em casa, na Vila Carlota.
Ele havia solicitado autorização judicial para viajar à Espanha, alegando que participaria de um casamento. No entanto, segundo o pedido do Gaeco, acatado pelo juiz Robson Celeste Candeloro, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, mensagens interceptadas indicam que sua real intenção era deixar o Brasil definitivamente.
A decisão judicial cita trocas de mensagens entre Muleta e seu contador, João Antônio de Freitas Silva, também investigado e cuja prisão também foi solicitada, mas denegada por Candeloro diante da “ausência de fatos novos” em relação e ele.
"Veja-se que nas referidas mensagens Paulo Muleta diz: ‘ver se pego um empréstimo milionário e fujo do Brasil’ ao passo que João Antônio responde: ‘Rapaz, eu vou te buscar onde quer que esteja!!’. Em resposta, Paulo Muleta o convida para ir junto a Vicenza", revela o documento.
Segundo demonstrou a investigação, Paulo tinha interesse em fugir para a Itália, para onde iria após obter cidadania italiana, o que inclusive o impediria de ser extraditado para o Brasil.
Além da tentativa de fuga, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul apurou que Muleta tentou burlar ordens judiciais de sequestro de bens. Logo após ter sua prisão revogada em dezembro de 2023, na Operação Turn Off, ele fez transferências de altos valores a terceiros e usou empresas criadas com seu contador para realizar compras superfaturadas.
Desvio de valores - O bloqueio de bens de Muleta foi determinado pela Justiça em 7 de agosto de 2024, no valor de R$ 8.986.597,51. No entanto, as autoridades localizaram apenas R$ 57.163,42 em sua conta.
A investigação descobriu que falha no bloqueio bancário permitiu que R$ 412.466,09, investidos em LCI (Letra de Crédito Imobiliário), fossem sacados e transferidos para terceiros, conforme informado pela Caixa Econômica Federal ao Gaeco.
Para o magistrado, a prisão preventiva foi necessária porque Muleta continuou cometendo crimes mesmo em liberdade.
"As medidas cautelares não se mostraram suficientes, uma vez que o investigado tornou a praticar, em tese, condutas ilícitas graves, inclusive adotando meios para assegurar o proveito do crime, transferindo para conta de terceiros valores que escaparam ao bloqueio judicial por falha no sistema de informática", destacou o juiz.
Com isso, a prisão foi decretada em 28 de fevereiro e cumprida hoje de manhã.
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