Juiz sequestra R$ 77 milhões de Puccinelli em denúncia de propina a frigorífico
Processo sobre lavagem de dinheiro é derivado da quarta fase da operação Lama Asfáltica
O bloqueio de R$ 216,7 milhões de réus na operação Lama Asfáltica foi determinado pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, Roberto Ferreira Filho. O maior valor foi para o ex-governador André Puccinelli (MDB): R$ 77 milhões.
O processo sobre lavagem de dinheiro é derivado da quarta fase da operação, realizada pela PF (Polícia Federal). O esquema investigado era o repasse de propina para Puccinelli pela empresa JBS entre 2007 e 2015.
O pagamento com notas frias era em troca de incentivos fiscais e foi revelado tanto pela empresa quanto por delator, no caso o pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, que arrecadava o dinheiro para Puccinelli.
Primeiro, a denúncia tramitou na 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, que já tinha marcado as audiências, mas foi transferido para a justiça estadual por ordem do TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).
Depois, a dúvida era qual Vara Criminal julgaria a ação. A escolhida foi a 1ª Vara Criminal de Campo Grande e, em 21 de julho, o magistrado reavaliou os pedidos de bloqueios do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), ratificando decisão da Justiça Federal sobre sequestro de bens móveis, imóveis e valores.
O pedido do MPMS era por valores ainda maiores. No caso do ex-governador, por exemplo, a solicitação era bloquear R$ 153,4 milhões por danos materiais e imateriais. Mas, segundo a decisão, a promotoria não esclareceu a origem dos valores, sendo considerados pelo magistrado como mera sugestão.
O bloqueio foi ordenado para pessoas físicas e empresas. A lista é formada por André Puccinelli, André Luiz Cance (ex-secretário adjunto da Secretaria Estadual de Fazenda), João Amorim (empresário), André Puccinelli Junior (filho do ex-governador e apontado como dono do Instituto Ícone), João Paulo Calves (que seria “testa de ferro” de Puccinelli Junior), Jodascil Gonçalves Lopes (empresário), Micherd Jafar Júnior (empresário), João Roberto Baird (conhecido como o Bill Gates pantaneiro pelas empresas de informática), Antônio Celso Cortez (apontado como laranja de Baird).
Além de João Maurício Cance (empresário), Ivanildo da Cunha Miranda, Proteco Construções Ltda, Gráfica Editora Alvorada Ltda, Gráfica Jafar Ltda, Mil Tec Tecnologia da Informação Ltda, Itel Informática Ltda, PSG Tecnologia Aplicada Ltda e Congeo Ambiental Eireli EPP.
Em 31 de julho, em nova decisão, o juiz determinou, a pedido do Ministério Público, bloqueio de bens para Elza Cristina Araújo dos Santos, sócia de João Amorim.