Mesmo com novas exigências, usuários afirmam que compensa usar bike elétrica
Mudanças para veículos elétricos começaram a valer no sábado e prazo para documentar vai até 2025
A mudança nas regras de circulação de pequenas motos, ciclomotores, patinetes elétricos e bicicleta elétrica começou a valer no dia 1º de julho. As alterações, com base em resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), determinam que esses veículos deverão ser emplacados e o condutor precisará de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) na categoria A ou ACC (Autorização para Conduzir Ciclomotor).
O principal ponto enaltecido por quem usa os veículos elétricos envolve a economia em comparação a um veículo a combustão, movido a gasolina, por exemplo. A secretária Walkiria de Farias, de 50 anos, disse que antes de ter uma bicicleta elétrica, usava carro chamado por aplicativo para ir e voltar do serviço. "Agora, sinto que economizo muito mais, pois gastava R$ 30 por dia só de transporte".
A mulher de 50 anos ressaltou que está ciente das mudanças e que até 2025 vai ao Detran para regularizar. Ela não tem CNH ou ACC e precisará para seguir conduzindo o veículo depois desse prazo. Walkiria disse que usa capacete e colocou sinalizadores luminosos.
"Após dois anos utilizando a bicicleta, tive o custo de trocar a bateria, que já não estava 100%, a bateria custou R$ 1 mil e tem vida útil de dois anos. Os custos de reparo são caros porque em tese a bicicleta elétrica é novidade na cidade, e são poucos lugares que atendem caso precise de conserto", relatou.
O lavador de carros Guilherme Souza, de 35 anos, tem um patinete elétrico e usa pela economia e praticidade no dia a dia. Ele destacou que está ciente das mudanças das regras. O homem relatou que nunca o pararam para fazer fiscalização nas idas e vindas do trabalho.
"Acredito ser a melhor forma de investimento no mercado hoje além de ser um meio de transporte mais sustentável e de grande comodidade", afirmou Guilherme.
Diferente de Walkiria, ele acha que manter o patinete é muito mais barato. "A manutenção, embora seja necessária por se tratar de componentes elétricos, ela acaba demorando um pouco mais de tempo para realizar manutenção, cerca de seis meses ou mais na média".
O corretor de imóveis Gabriel Cenciarelli, de 29 anos, não tem um veículo ou similar, mas pretende adquirir. A moto elétrica seria para uso no dia a dia em trajetos com maior movimento com o objetivo de ser mais rápido, prático e barato.
Ele disse que não está ciente das mudanças na legislação. "A maioria das lojas diz que não tem necessidade de habilitação, eu mesmo, inclusive, não tenho". Nos testes de direção com motos elétricas, Gabriel ressaltou que não é uma condução "empolgante".
"Não tem muita potência, mas atende as demandas que eu preciso, que foi o que eu citei ali da questão de mobilidade, agilidade e economia".
Novas regras - O Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) informou que a regra vale para ciclomotor elétrico com potência de 1000 W (Watts) até 4000 W.
Em relação aos veículos similares a combustão, que usam combustíveis convencionais como gasolina e etanol, devem ser emplacados e registrados os que tiverem até 50 cilindradas que atinjam velocidade máxima de 50 km/h.
O Departamento esclareceu que, antes da definição das regras, "não estava muito clara a questão da fiscalização". O prazo para registro começa em 1º de novembro de 2023. A partir de 2026, os veículos que não tiverem registro ficaram impedidos de circular em vias públicas de todo o Brasil.
A diretora de Educação de Trânsito do Detran, Andrea Moringo, também esclareceu dúvidas acerca do tema. Em relação à ACC, ela definiu que é uma autorização e não uma categoria. E que nenhum CFC (Centro de Formação de Condutores, também chamadas de autoescolas) em Mato Grosso do Sul oferece veículos elétricos para aulas práticas e provas.
A ACC tem todos os requisitos de uma categoria A. Assim, ela já surgiu falida. Em termos de valores, se torna inviável para uma pessoa fazer a ACC. O que muda em relação à CNH é a potência do veículo, mas a habilidade necessária é a mesma", sintetizou Andrea.
Ela complementou ainda que esses veículos elétricos que têm velocidade máxima de 50 km/h não podem estar em rodovias. Somente motocicletas com mais cilindradas estão autorizadas.
Exemplos de veículos elétricos - As opções disponíveis no mercado de motos elétricas, patinetes, bicicletas, ciclomotores e similares são vastas. O público que mais compra também é variado segundo informações da supervisora de vendas da loja Saad, Michele Reis, de 44 anos.
"As scooters elétricas é mais pai que compra para filho e as pessoas que querem economizar. Quem vai de casa para o trabalho. Já as bicicletas elétricas quem procura mais são pessoas idosas. A pessoa não quer uma moto, só um meio de se locomover", explicou Michele.
No local, há modelos de patinete, bicicletas, scooters e motos elétricas. A supervisora ressalta que os veículos que contam com acelerador devem ter o registro até o final de 2025.
"Tem moto elétrica de 150 cilindradas semelhante ao modelo de Titan e tem a scooter que lembra uma Biz. Toda a linha elétrica precisará da CNH, à exceção da bicicleta elétrica que não tiver acelerador. As que tem somente o pedal com assistência ainda poderão rodar sem documento", disse.
Ela trabalha na área há vários anos e disse que já tinha a orientação para os clientes para fazerem o registro e documentação do veículo. Michele afirma que a procura é grande por conta da economia. Porém, o custo inicial é mais alto em comparação a uma moto a combustão.
Os valores iniciais das bicicletas elétricas encontradas na loja eram de cerca de R$ 10 mil. O patinete era o item mais barato, custando R$ 7,9 mil. Já as motos elétricas semelhantes a Titan custam aproximadamente R$ 24 mil. Os preços praticados nas scooters chegam a R$ 19 mil. Vale relatar ainda que o valor para emplacamento de veículos novos é em média R$ 800.
Michele esclareceu que as revisões devem ser feitas regularmente. O recomendado para quem compra uma 0 km é fazer a primeira ida ao mecânico com três meses ou mil km rodados. Além disso, o cuidado com a bateria é importante, por ser o 'coração' do veículo.
A supervisora disse que essa peça é a mais cara, podendo custar R$ 3,5 mil. "É importante carregar de forma completa e usar a moto até acabar. Se não fizer isso, pode reduzir a vida útil". Ela complementa que é raro um cliente retornar para fazer as revisões. Já sobre as outras peças de uso como pastilhas de freio e pneus, o acompanhamento deve ser anual.