MS é um dos estados que mais comprou remédios sem eficácia contra a covid-19

Mato Grosso do Sul é a 5º unidade da federação que mais comprou alguns dos principais medicamentos apontados como "milagrosos" contra a covid-19. Sem comprovação científica, a ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina apresentaram aumentos expressivos na quantidade de vendas durante 2020.

Comparando o total de vendas nas farmácias desses três produtos em relação ao total de habitantes, o Distrito Federal é o que mais registrou vendas desses três produtos juntos. Seguido de Goiás, Tocantins e Rondônia, com base em dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). (para verificar os dados levantados pelo Campo Grande News, acesse tabela por meio do link).

No começo da pandemia, em março, a Anvisa incluiu a cloroquina e a hidroxicloroquina no rol dos medicamentos com receita controlada. Contabilizando vendas por todo o Brasil, foram 21.355 caixas vendidas em março e 101.703 em abril, um aumento de quase cinco vezes.

Em julho, o órgão passou a incluir a ivermectina, que teve aumento de quase quatro vezes a partir do primeiro mês de regulamentação (julho e agosto). Já a azitromicina é um remédio controlado há bastante tempo no País - mesmo assim, entre abril e junho, a quantidade mais do que dobrou (foram 142.392 caixas vendidas indo para 302.264).

É importante ressaltar que os dados estão disponíveis de forma completa e concisa, até o momento, apenas até o mês de agosto.

Os três medicamentos foram frequentemente receitados contra a covid-19 pelo governo federal. Mato Grosso do Sul disponibilizou a cloroquina em agosto a aqueles municípios que a desejassem.

Campo Grande chegou a solicitar comprimidos do remédio ao presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), mas a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) ressalta que a recomendação ou não ao paciente é de autonomia do profissional médico, "não sendo recomendado um ou outro, a não ser pelo fato de sempre priorizar por medicamentos que são oferecidos pela rede municipal de saúde".

Vendida comercialmente com os nomes Plaquinol ou Reuquinol, a hidroxicloroquina é o princípio ativo de remédios para tratamento da artrite reumatoide, lúpus eritematoso, afeções dermatológicas e reumáticas e também para o tratamento da malária, doença pela qual o medicamento é historicamente conhecido. Seu preço varia em aproximadamente R$ 70.

Usada contra piolhos e vários tipos de infestação por parasitas, a ivermectina pode ser aplicada na pele ou consumida por via oral. Entre os alvos do medicamento estão a sarna, oncocercose, estrongiloidíase, tricuríase, ascaridíase e filaríase linfática. O preço de uma cartela fica próximo de R$ 100, mas outras opções diversas são vendidas.

Por fim, a azitromicina é um antibiótico usado no tratamento de várias infeções bacterianas como otite média, faringite estreptocócica, pneumonia, diarreia do viajante e outras infeções intestinais. O preço da caixa pode ficar entre R$ 20 a R$ 50.