Nada de “kit ressaca”, campeões de vendas no Carnaval são tadalafila e repelente
Jovens consomem indiscriminadamente o “comprimido azul” que faz dupla inusitada com repelente nas farmácias
O Carnaval, conhecido por sua atmosfera de festa, alegria e desinibição, tem firmado um protagonista nas vendas em farmácias que vai além dos tradicionais "kits ressaca" e preservativos. A maioria dos farmacêuticos consultados pelo Campo Grande News não tem dúvidas quando a questão é o que mais vende nesta época. A resposta é rápida: "tadalafila", concorrente da sildenafil (nome genérico do Viagra).
Surpreendentemente, o famoso “comprimido azul”, utilizado no tratamento da disfunção erétil, é um sucesso entre os jovens, a partir dos 16 anos. "Teve um cliente que comprou 6 caixas de uma só vez", contou a balconista Eduarda Barbosa, de farmácia do Grupo Mais.
A tadalafila não deve ser usada por todos os homens, especialmente aqueles que têm problemas cardíacos ou que tomam medicamentos contendo nitratos. Mas apesar dos alertas do Conselho Federal de Farmácia, até quem não precisa compra.
O farmacêutico da rede Pague Menos, Gabriel Makley, revelou à reportagem que, às vésperas do Carnaval, a procura por camisinhas foi alta, especialmente por delivery. No entanto, o que surpreendeu foi a significativa saída de unidades de medicamentos destinados ao tratamento da disfunção erétil, principalmente, o tadalafila. "Dias antes do Carnaval saiu muito", comentou.
Farmacêutico na drogaria Ultra Popular, Rubens Moreira, 45 anos, confirmou a alta procura dos famosos comprimidos azuis. Porém, ao mesmo tempo que a falta de consciência sobre automedicação pesa de um lado, de outro o Carnaval ele aponta um vice campeão que vai no caminho oposto, o da prevenção. "É mais tadalafila, mas os repelentes contra a dengue também tem saído bastante por conta da epidemia", diz.
Em outra farmácia, para Jhonatan Francisco de Oliveira a impressão foi diferente. A procura pelos os medicamentos para disfunção erétil teve apenas procura por informações sobre o produto, mas não necessariamente vendas. “O que aumenta é a questão de perguntar sobre. E isso aumentou tipo, querer saber sobre o produto”, conta Jhonatan.
Na rotina dele, durante o Carnaval o aumento significativo foi mesmo por camisinhas devido à conscientização. O farmacêutico destaca que houve uma reposição de estoque para atender a essa demanda que praticamente dobrou em relação aos dias normais.
Quanto aos repelentes, o farmacêutico menciona que a procura está relacionada não apenas ao período chuvoso, mas é crescente, com um aumento de viagens das últimas duas semanas. Ele destaca que as pessoas estão pesquisando antes de comprar, buscando proteção contra mosquitos. “Repelente sempre está tendo saída, o pessoa está comprando mesmo, por conta dessa incidência dos mosquitos que está demais. De duas semanas pra cá começou a ter uma procura maior”, revela.
O gerente de farmácia Rafael Benvindo, de 28 anos, observou um aumento de 20% nas vendas de camisinhas e lubrificantes durante o período, destacando um público diversificado em termos de idade e gênero. Ele prevê que a demanda por remédios para combater a ressaca aumentará a partir da Quarta-feira de Cinzas. “Durante as festas, as pessoas tentam curar a ressaca com mais bebida, depois vão em busca de remédio quando voltam a trabalhar”, brincou.
O profissional também revelou um aumento significativo nas vendas de repelentes contra mosquitos durante o período de feriado, associado ao surto de dengue. Ele destacou que o repelente teve uma procura considerável de mães e pessoas com 50 anos ou mais, muitos relatando que compram especialmente devido à preocupação com a dengue em suas viagens.
Em relação aos medicamentos para disfunção erétil, Rafael mencionou um crescimento de 30% a 40% nas vendas de Sildenafila e Tadalafila, com a faixa etária de 16 a 35 anos sendo o principal público. Ele ressaltou que muitos clientes adquirem esses medicamentos por falta de informações, mesmo sem necessidade real. “Muitos procuram e acabam comprando por falta de informações, muitos nem precisam, mas estão comprando e na maioria das vezes fazem isso com vergonha, falando que é pra amigo, pai ou tio”, disse o farmacêutico.
Coração e impotência - No Brasil, medicamentos que contêm citrato de sildenafila são de venda livre. Logo, a compra do "azulzinho" em farmácias não exige a apresentação de receita médica, e nenhum dado é retido pelo estabelecimento, diferentemente do processo de compra de antibióticos.
Apesar de não ser obrigatória a prescrição, a automedicação não é recomendada, pois acarreta inúmeros riscos para a saúde do usuário. O Conselho Federal de farmácia alerta que alguns dos efeitos colaterais mais comuns incluem dor de cabeça, indigestão, dor nas costas, rubor facial, congestão nasal e dores musculares. Em casos raros, pode causar alterações na visão, audição ou batimentos cardíacos.
Outro risco do uso frequente e de longo prazo e criar dependência psicológica, que leva o homem a crer que a ereção só vai acontecer junto ao uso do remédio.
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