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Cidades

ONG teme que falta de drenagem mate nascentes do Rio da Prata

A falta de drenagem nas estradas leva sujeira e ameaça rios de Bonito

Maristela Brunetto | 17/03/2023 09:50
O volume de chuvas evidenciou a urgência de planejar a drenagem nas estradas de Bonito. (Foto: Instituto Homem Pantaneiro)
O volume de chuvas evidenciou a urgência de planejar a drenagem nas estradas de Bonito. (Foto: Instituto Homem Pantaneiro)

O volume excessivo de chuva em Bonito se aliou a um problema estrutural, a falta de drenagem e condição das estradas, para produzir uma ameaça a um dos mais belos e visitados rios da região: o Rio da Prata.

O biólogo Sérgio Barreto, coordenador do projeto Cabeceiras do Pantanal, do IHP (Instituto do Homem Pantaneiro), percorreu por dois dias as estradas vicinais da região e ficou preocupado ao ver o volume de lama escorrendo rumo aos banhados onde estão as nascentes do rio.

Barreto conta que verificou e filmou trecho em que a água acumulada da chuva vai drenando naturalmente de área de pastagens e chega a uma estrada de acesso a propriedades e a uma mineradora de calcário. Ali, ela brota limpinha e, na pista de terra, vira lama e vai escorrendo, com a ajuda do tráfego dos veículos. Mais adiante está o banhado onde o sedimento acaba chegando.



A preocupação do biólogo é que essa situação provoque o assoreamento das nascentes e, até mesmo, danos ao lençol freático, além do turvamento das águas, como se verificou neste verão chuvoso nos rios da região. Ele lamentou a cena, dizendo temer um desastre ambiental e mencionando o caso mais grave do Estado, o do Rio Taquari. Barreto compara que o dano se tornou tão grave no outro rio alcançando um ponto em que os danos ambientais chegam a ser irreparáveis.

Ontem, a reportagem do Campo Grande News ouviu o empresário do ecoturismo e também envolvido com a preservação ambiental Eduardo Coelho. Para ele, as estradas em Bonito precisam ter uma técnica própria, em que a pista seja mais elevada com canais nas laterais e caixas de contenção para impedir a formação da enxurrada como se viu neste ano. Ele participa de um projeto ambiental na região que tem entre as medidas a abertura de curvas de níveis em fazendas da região do Rio Mimoso, exatamente para conter a força da água.

Para Barreto, o que se verificou nesta temporada de chuvas deve servir de lição. É preciso aprender com os erros, comenta. Ele analisa que o impacto econômico com a poluição e ameaça aos rios, que são os atrativos da cidade com as águas transparentes, peixes e biodiversidade, traria prejuízos em vários segmentos, como os atrativos, hotéis, restaurantes. “Todo mundo perde”.

Ele está produzindo um relatório para que seja encaminhado à Agesul, órgão do Governo Estadual responsável pela manutenção das estradas. O biólogo acredita que no estágio que as estradas se encontram, com muito volume de água ainda escoando, a manutenção poderia deslocar mais sedimentos ainda, que o alerta deve ficar para quando começar o período de estiagem e for possível uma intervenção mais estruturada. Cada um, no seu setor, deve buscar a resposta mais rápida, argumenta.

Manutenção e drenagem- A Agesul informou que concentra os reparos na região de Bonito na MS-178, de acesso ao Aeroporto, com tapa-buracos e na MS-382, rumo ao Pantanal, com aplicação de cascalho para melhorar as condições de tráfego. Na região dos atrativos, a informação é que o órgão estadual destinou uma máquina motoniveladora nova para uso pela Prefeitura de Bonito.

Já o prefeito, Josmail Rodrigues, disse que pretende fazer parceria para ampliação do projeto que abre curvas de nível na zona rural, fornecendo maquinário e operadores. A iniciativa vai se se estender para a criação de drenagem e abertura de caixas de contenção da água nas estradas, mas ainda depende da autorização da Câmara para a despesa. Em outra frente, a prefeitura busca apoio do Governo Estadual para a elaboração de um amplo plano de drenagem para o Município.

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