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Cidades

Preso nos Estados Unidos, coronel que articulou golpe comandou batalhão em MS

Integrante do núcleo golpista, ex-comandante de batalhão em Bela Vista é alvo da Tempus Veritatis da PF

Por Jhefferson Gamarra | 08/02/2024 15:58
Coronel Bernardo Romão Corrêa Neto durante palestra no Exército (Foto: Divulgaçaõ/EB)
Coronel Bernardo Romão Corrêa Neto durante palestra no Exército (Foto: Divulgaçaõ/EB)

O coronel do Exército Brasileiro, Bernardo Romão Corrêa Neto, identificado como um dos articuladores de um suposto golpe de Estado no Brasil se entregou nesta quinta-feira (8) nos Estados Unidos de acordo com o site Metrópoles. O militar foi um dos alvos de prisão preventiva, durante a megaoperação “Tempus Veritatis” da Polícia Federal.

Até janeiro de 2022, ano da eleição presidencial, o coronel comandou o 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado, “Regimento Antonio João”, na cidade de Bela Vista, em Mato Grosso do Sul, passando o posto para o tenente-coronel Kenji Alexandre Nakamura.

Passagem de comando do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado em MS (Foto: Divulgaçaõ/EB)
Passagem de comando do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado em MS (Foto: Divulgaçaõ/EB)

A Polícia Federal não pôde cumprir o mandado de prisão na manhã de hoje, pois o militar foi mandado aos EUA em 30 de dezembro de 2022. Ele foi designado para exercer uma suposta missão nos Estados Unidos, totalmente financiada pelo Comando do Exército em Washington, até junho de 2025. A permanência do coronel em solo estrangeiro, por mais um ano e meio, levantou suspeitas da tentativa de evitar as investigações e a aplicação da lei no Brasil, esses fatos justificaram a decretação da prisão preventiva do militar.

Segundo as investigações, o coronel, com passagem por Mato Grosso do Sul, é suspeito de ter empregado técnicas de militares com formação em Forças Especiais para direcionarem manifestações nas portas dos quartéis e nos atos voltados às invasões em 8 de janeiro de 2023.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) aponta que em uma reunião em Brasília, em 28 de novembro de 2022, foi discutida a utilização das "forças especiais" do Exército em um golpe de Estado, após o segundo turno das eleições. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o coronel Bernardo Romão foram apontados como participantes, planejando a tomada de poder após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

Diálogo entre Coronel Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cido pleiteando a realização de reunião com Assessores de Generais, com formação em Forças Especiais (Imagem: Reprdoução)
Diálogo entre Coronel Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cido pleiteando a realização de reunião com Assessores de Generais, com formação em Forças Especiais (Imagem: Reprdoução)

Diálogos obtidos pela Polícia Federal indicam que o coronel intermediou o convite para a reunião, selecionando militares formados no curso de Forças Especiais. Após a reunião, uma carta foi elaborada para pressionar o Comandante do Exército e outros militares. Correa Neto, conforme a investigação, enviou uma minuta da carta ao então Comandante General Freire Gomes. O documento foi intitulado de "CARTA AO COMANDANTE DO EXÉRCITO DE OFICIAIS SUPERIORES DA ATIVA DO EXÉRCITO BRASILEIRO".

Após a reunião, o blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho veiculou, no programa Pingo nos Is às 21h30, os nomes dos Comandantes Regionais do Exército que ainda estavam indecisos quanto a aderir ao plano golpista. Conforme revelações nos diálogos com Mauro Cid, ficou evidente que Bernardo Romão Correa Neto já estava ciente, com antecedência, dos nomes exatos dos Comandantes que seriam expostos pelo blogueiro. Essa coordenação entre os envolvidos indica uma ação planejada para expor e pressionar os militares que não concordassem em aderir aos planos golpistas.

Após o encaminhamento da carta, Mauro Cid solicita a Correa Neto que envie suas observações, e ele responde: "Porr* irmão. Apaguei essa parada'; 'Não combinamos de apagar?". Parte superior do formulário. A PGR destaca que os diálogos sugerem consciência da ilicitude das condutas, buscando apagar provas que pudessem incriminá-los, em ação típica de organização criminosa.

Além dos diálogos mencionados, a investigação revelou que Correa Neto desempenhava o papel de "homem de confiança" de Mauro Cid, executando tarefas além do âmbito do Palácio do Alvorada, que o então ajudante de ordens do presidente da República não poderia realizar devido às suas responsabilidades oficiais.

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