Terra da linguiça, de governadores e do agro, Maracaju completa 100 anos
No dia 11 de junho de 1924 foi inaugurada a primeira escola da região, marco da fundação da cidade
Os dois últimos governadores de Mato Grosso do Sul vieram da mesma cidade: Maracaju. Mas o poder político não é a única marca do município que em 11 de junho completa 100 anos. É o centenário da terra do agronegócio, da terra fértil e claro, da Festa da Linguiça.
A curiosidade que surge em cada aniversário é a origem do nome. Maracaju vem do tupi-guarani e significa Papagaio Verde da Cabeça Amarela.
A história de Maracaju remonta aos primórdios da colonização do Mato Grosso do Sul. Originalmente habitada por indígenas guaranis, a região viu seu primeiro grande impulso de desenvolvimento com a chegada dos pioneiros desbravadores, que buscavam explorar as vastas terras férteis para a agricultura e pecuária.
A cidade foi oficialmente fundada em 1924, durante o ciclo do café, época em que a produção cafeeira era uma das principais atividades econômicas da região.
Dados econômicos recentes mostram a importância de Maracaju para o estado e para o país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do município cresceu a uma taxa média de ao ano na última década, refletindo o dinamismo local.
Maracaju, localizada em uma região geograficamente estratégica de Mato Grosso do Sul, possui um significativo potencial agrícola devido às suas condições climáticas favoráveis, solos férteis e infraestrutura adequada. A cidade é reconhecida como um dos principais polos agrícolas do estado e destaca-se especialmente na produção de grãos e pecuária.
Maracaju é conhecida por sua produção de soja e milho. As terras férteis e o clima propício favorecem o cultivo dessas culturas, que são fundamentais para a economia local. A soja é uma das principais commodities agrícolas do Brasil e Maracaju contribui significativamente para a sua produção, aproveitando a alta demanda tanto no mercado interno quanto externo.
O milho também desempenha um papel importante na agricultura da região, sendo utilizado tanto para alimentação humana quanto animal e agora vai virar biocombustível, com a instalação de indústria no município.
Na pecuária, o município possui extensas áreas de pastagem, ideais para a criação de gado de corte, Também conta a adoção de tecnologias modernas e práticas agrícolas sustentáveis também tem impulsionado o potencial agrícola de Maracaju.
Festa da linguiça - Mas nada lembra mais a cidade agora centenária que a famosa Festa da Linguiça, que entrou para o calendário estadual.
Realizada anualmente, é um dos eventos mais aguardados em Mato Grosso do Sul. Virou até marca de sabor. Hoje a "Linguiça de Maracaju" é uma especialidade com fãs de carteirinha, pela carne mais robusta e o tempero exclusivo.
Criada em 1994, a Festa da Linguiça de Maracaju nasceu de um projeto do Rotary Club que buscava divulgar e valorizar a iguaria, já muito famosa na cidade. Com o passar dos anos, a dimensão do evento ultrapassou os limites maracajuenses , e começou a atrais turistas de várias partes do país e fora dele.
Em 1997, a celebração foi marcada para sempre quando entrou para edição anual do livro do Guinness Book, edição que apresentou ao mundo a maior linguiça do mundo feita de uma tripa única do boi, de 31 metros.
No ano de 2016, uma nova conquista: o selo de Indicação Geográfica (IG) emitido pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), garantiu a iguaria, proteção contra falsificações de origem e produção.
A parte gastronômica foi unida a outros atrativos como shows nacionais, exposição de veículos, máquinas e implementos, parque de diversões, artesanato.
A linguiça é preparada somente com carnes de primeira e temperada com ingredientes tradicionais misturados a itens curiosos, como o suco de “laranja-azeda”, por exemplo, o que muda o sabor da linguiça.
Showtec - Como prova da proeminência no setor agropecuário, a cidade promove a Shoewtewc, considerado um dos maiores eventos do agronegócio de Mato Grosso do Sul, Para se ter uma ideia, a 27ª edição do Showtec, neste ano reuniu 160 expositores, apresentando novas tecnologias, palestras técnicas, serviços e maquinários.
História - A região como um todo de Maracaju foi ocupada por Jesuítas espanhóis que tiveram suas comunidades desmanteladas por bandeirantes paulistas, iniciada por Antônio Raposo Tavares. No primeiro lustro do século XVII, a região voltou a ser ocupada por Gabriel Francisco Lopes e seus irmãos Joaquim e José que, posteriormente recebeu a alcunha de Guia Lopes, oriundos da província de Minas Gerais.
Logo depois Gabriel trouxe seu sogro Antônio Gonçalves Barbosa que veio acompanhado de seu irmão Inocêncio Barbosa e respectivas famílias. Novas levas de mineiros chegaram à região e, em 1860, fundaram dois núcleos: Água Fria e Santa Gertrudes. A invasão paraguaia durante a Guerra do Paraguai, quando a maioria de seus moradores retornaram para Minas Gerais.
Já em 1922, João Pedro Fernandes, radicado no local denominado São Bento, hoje Sidrolândia, transferiu sua farmácia para Santa Rosa, Município de Nioaque e à margem direita do Rio Brilhante. Em 1923, em consequência de um surto de malaria e atendendo apelo dos moradores, transferiu seu estabelecimento comercial para a região onde hoje é Maracaju. João Pedro instalou uma escola e, com o apoio dos moradores, organizou a “Sociedade Incentivadora da Instrução de Maracaju”, instalado a 25 de dezembro de 1923.
O desenvolvimento do novo povoado levou o Governo do Estado a criar o Distrito de Maracaju, pela Resolução 912, de 8 de setembro 1924. O aniversário da cidade, contudo, é comemorado hoje, pois nessa data, no mesmo ano de 1924, que foi inaugurada a primeira escola da região, marco da fundação de Maracaju. Em outras palavras, embora a elevação de Maracaju à condição de município tenha ocorrido em 7 de julho de 1928, o município comemora a fundação e não a emancipação.
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