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Campo Grande 115 Anos

Com 100 anos, Ferrovia Noroeste ainda é orgulho de tripulação

Filipe Prado | 17/08/2014 11:00
Com 100 anos, Ferrovia Noroeste ainda é orgulho de tripulação
Em 2014 a Ferrovia Noroeste completa 100 anos (Foto: Marcos Ermínio)
Em 2014 a Ferrovia Noroeste completa 100 anos (Foto: Marcos Ermínio)

Há 100 anos Campo Grande comemorava a chegada da modernização, apenas 15 anos depois de se tornar município. Em outubro de 1914 a estrada de ferro, que começou em Corumbá, uniu-se com os trilhos de Bauru (SP) formando a Ferrovia Noroeste do Brasil (NOB). Mesmo com as mudanças na ferrovia, entre elas o fim do transporte de passageiros, ainda na década de 1990, os ex-tripulantes ainda se orgulham do trabalho realizado.

A Noroeste chegou a Campo Grande em maio de 1914, mas somente se tornou ferrovia após se unir com a estrada de ferro de Bauru, em outubro. O presidente da Afapedi (Associação dos Ferroviários, Aposentados, Pensionistas, Demitidos e Idosos), Valdemir Vieira, contou que a ferrovia chegou a fazer 70% do transporte do país.

“A ferrovia trouxe um grande desenvolvimento para Campo Grande. Havia cerca de 1800 habitantes no município, 10 anos depois da ferrovia, o número aumentou para 50 mil”, garantiu Vieira.

De Minas Gerais, o pai de Joaquim Nazareth do Carmo, 67 anos, chegou a Capital para ser um dos tripulantes da ferrovia. Ele contou que o pai sempre o incentivou a trabalhar na Noroeste. “Era uma honra começar a trabalhar na ferrovia e ir crescendo no trabalho”, enalteceu Joaquim.

Ele trabalhou no trecho entre Campo Grande e Corumbá por 34 anos, oito meses e 16 dias muito bem contados. “Não tenho dúvida, tenho muito orgulho”, revelou Joaquim.

Outro ex-tripulante que “nasceu” na ferrovia foi Nelson Araújo, 54. O sonho de trabalhar na Noroeste foi herdado do pai, que saiu da Bahia e veio morar em Campo Grande.

Valdemir afirmou que a ferrovia trouxe prosperidade para Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Valdemir afirmou que a ferrovia trouxe prosperidade para Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Gildo ainda lembra com orgulho do trabalho realizado (Foto: Marcos Ermínio)
Gildo ainda lembra com orgulho do trabalho realizado (Foto: Marcos Ermínio)

Com satisfação ele lembra dos momentos vividos no ferrovia, mas o que mais marcou foi a chegada do “trem pagador”. “Ele trazia o pagamento dos ferroviários. Era uma festa na cidade. Também o vagão do Papai Noel, que transportava os presentes para as crianças”.

A ferrovia percorreu seus 22 mil quilômetros por mais de 80 anos. Em 1996 ela foi privatizada. Vendida para uma empresa americana por R$ 62.5 mil divididos em 112 parcelas. A partir disso, de acordo com Vieira, a ferrovia perder a força. “Foi triste. Foi um choque para todos nós”.

Mas a história ainda é viva entre os ferroviários e trabalhadores da Noroeste. O índio terena Gildo Sobrinho, 57, fez parte da manutenção dos trilhos por quatro anos, de 1970 a 1974. Também ajudou na construção da ponte em Corumbá.

“É uma satisfação, um orgulho passar por ali e ver que eu ajudei a levantar tudo isso”, confessou Gildo.

A estrada de ferro ligou Bauru (SP) a Porto Esperança, em Corumbá (Foto: Marcos Ermínio)
A estrada de ferro ligou Bauru (SP) a Porto Esperança, em Corumbá (Foto: Marcos Ermínio)
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