Com “víuva de Olarte”, enterro simbólico pega carona em desfile
Depois do protesto a favor da saúde, que invadiu o desfile de aniversário de Campo Grande, cerca de 200 pessoas saíram em passeata pela Avenida Afonso Pena levando um caixão para “chorar a morte” do ex-prefeito Gilmar Olarte (PP), retirado do cargo ontem (25) por decisão da Justiça, em função da Operação Coffee Break, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Os manifestantes, que se concentraram por volta das 8h na Praça do Rádio Clube, começaram o ato as 9h20, passaram pela Rua Rui Barbosa e acompanharam o desfile. O protesto foi marcado antes da troca de prefeito, pois o intuito era protestar contra a gestão de Olarte. Com o afastamento, o grupo decidiu fazer ato simbólico “comemorando o enterro do prefeito”, segundo a professora Erica Vasconcelos, 45 anos. “Estamos enterrando tudo que passamos com ele durante esse tempo em que ficou no comando. Acreditamos que é uma oportunidade de recomeço”, disse a professora.
Quem encena a viúva do ex-prefeito é a professora Maria Rita de Andrade, 68 anos. “Chorando”, ela brincou com a questão do reajuste salarial, recusado por Olarte. “Ele foi embora, ele não queria dar 13,01% de aumento para a gente, mas não quero nem o 0,1% mais. Agora só quero os 13%. Vou ter que casar de novo com o novo prefeito”, disse, se debruçando no caixão.
A “viúva” não se esqueceu dos vereadores, suspeitos de crimes de corrupção passiva e ativa, além da venda de votos na Câmara Municipal em articulação para a cassação do mandato de Alcides Bernal (PP), há um ano e cinco meses. “Agora estou esperando os vereadores para vir me consolar”, disse. Ao redor, manifestantes seguravam embalagens de pizza com fotos dos vereadores Erculano Borges (SD), João Rocha (PSDB) e Chocolate (PP).
O presidente do ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação), disse que se reunirá amanhã (25) com a diretoria da entidade para traçar os principais pontos a serem tratados em reunião que será solicitada com o prefeito. “Estou bem confiante com essa nova administração. Nos primeiros discursos, o prefeito diz que quer cumprir a lei, então esperamos que faça isso”.
Saúde - Após o início do desfile, cerca de 20 pessoas fizeram protesto reclamando da situação da saúde em Campo Grande e lembraram a morte de um rapaz, após atendimento no posto de saúde do bairro Vila Almeida, há quase uma semana. Em meio aos 6 mil participantes do desfile, os manifestantes foram contidos pela Polícia Militar. Com faixas e cartazes, eles ficaram aglomerados em um local determinado pelos policiais até serem atendidos pelo prefeito. Bernal disse que vai conversar com o grupo em reunião e buscar soluções.