"Se vier, vai parar na porta", diz agente sobre transferência de presos para MS
Sem ter onde mais colocar presos, agentes penitenciários decidiram interditar os presídios estaduais por dez dias, a partir desta quinta-feira (1). Eles não receberão qualquer detento que venha transferido de outras capitais brasileiras, por conta da atual situação desumana em que vivem nas celas, bem como dos servidores públicos que precisam cuidar de um local superlotado, correndo o risco inclusive de assassinatos entre os próprios presos.
“Suspendemos o recebimento de presos, por estar com o número três vezes maior do que deveria e, em alguns casos, como o Instituto Penal e o Estabelecimento Penal de Segurança Máxima, até mais. O próprio Ministério Público já checou essa situação e entrou com um pedido de interdição nos presídios”, afirma o presidente da Fenaspen (Federação Nacional Sindical dos Servidores Penitenciários), Fernando Anunciação.
A decisão pela suspensão do recebimento também tem a intenção de “chamar a atenção” das autoridades para a situação alarmante dos agentes, de acordo com o presidente. “Eles ficam confinados em um espaço físico onde deveriam estar quatro presos e a média é de 18. Se ocorrer um levante, os agentes jamais darão conta de toda essa massa carcerária”, avalia Anunciação.
Indignado, os agentes tomaram a medida e disseram que aguardam no período uma solução por parte do Estado. “Daqui a pouco os presos começam a se matar e a responsabilidade será nossa. Vivemos uma demanda reprimida há mais de dez anos, sem a construção de presídios, sete anos sem concurso público, realidade não só em Mato Grosso do Sul, mas em todo o país”, garante o presidente.
A realidade em igualdade com outras capitais, culminou em uma reunião da categoria, realizada nesta manhã, no Hotel Concord, em Campo Grande. “Temos aqui representantes de outros 17 Estados, com a mesma situação, então queremos um encaminhamento a nível nacional. Só em Campo Grande, são 1,3 mil agentes para cuidar de 12 mil presos”, finaliza o presidente.