Após mutilar dezenas de mulheres, Alberto Rondon é preso
A PF (Polícia Federal) prendeu nessa segunda-feira, em Bonito, a 257 quilômetros de Campo Grande, o médico cassado e ex-deputado estadual Alberto Jorge Rondon de Oliveira, 53 anos.
Rondon estava foragido desde março de 2004, quando foi condenado por lesão corporal. Ele "mutilou" diversas mulheres em cirurgias plásticas.
O médico atuou como cirurgião plástico por diversos anos até o fim de 1999, quando foi denunciado por ter lesionado mulheres que fizeram cirurgias plásticas com ele.
Essas mulheres tiveram problemas após a operação. A cirurgia que deveria melhorar seios, barriga, face e nariz, não tinham o resultado esperado pelas pacientes.
"Eu o contratei para fazer redução de mama. O tamanho dos seios ficou como eu gostaria. No entanto, ficou com cicatrizes e a aureola foi colocada no lugar errado", disse uma paciente de 27 anos que preferiu não se identificar. O caso dessa paciente foi classificado como lesão gravíssima.
Muitas pacientes de Rondon tiveram que fazer outras cirurgias plásticas para que o "estrago" provocado pelo médico fosse reparado. Médicos de outros Estados chegaram a vir à Capital para atender essas vítimas.
Na sentença, o juiz Paulo Afonso de Oliveira diz: Embora primário, a culpabilidade do réu é intensa. Trai seu juramento, o profissional médico que, tendo ciência da disparidade de resultados, apesar da gravidade dos malefícios constantemente causados, não se prepara para o seu sagrado mister e, insensível, continua agindo como se tudo estivesse normal. As conseqüências das condutas não poderiam ser piores. Muitas vítimas guardam sentimentos de inferioridade, de tristeza e de vergonha, devido aos terríveis resultados das cirurgias"
"O menosprezo para com a saúde e a integridade física das pacientes, caracterizador de falta de ética, põe a lume uma personalidade fria, desumana, irresponsável e cruel", diz a sentença que o condenou a seis anos e oito meses de reclusão.
De acordo com a PF, Rondon vivia normalmente em Bonito. Ele morava na área central do município, a Polícia tinha o endereço dele e mesmo assim ele estava foragido desde 2002.
O médico só foi preso porque, em investigações sobre crime previdenciário, a PF, chegou até a clínica que ele mantinha, em Campo Grande. Foi então verificado que o proprietário da clínica investigada era Rondon, e que estava foragido.