"Ela queria encontrar felicidade na praia”, diz irmã de economista morta
No velório de Elza Gomes dos Santos, na manhã de hoje em Campo Grande, a família ainda parece atordoada com as notícias no fim de semana. A economista de 52 anos foi assassinada no litoral de São Paulo, durante viagem na sexta-feira passada.
A cada informação, os parentes ficam mais confusos sobre o que pode ter acontecido. Segundo a irmã, Elisia Gomes dos Santos, de 56 anos, a última conversa com Elza ocorreu na quinta-feira. “Ela estava com comportamento muito estranho, não sabia para onde ir e desligou o telefone na minha cara”, conta.
Separada há 10 anos, a economista não tinha filhos e costumava viajar sozinha por conta do trabalho de consultoria. Também tinha muito imóveis em Campo Grande e uma condição financeira boa, relata a família, o que pode ter “despertado interesses”.
A suspeita faz os parentes falarem em “emboscada”, planejada por algum contato que Elza tenha feito nos últimos tempos em Campo Grande. "Ela nunca entraria naquela favela por conta própria. Ela foi levada até lá", garante Elisia.
Ela diz que a mudança no comportamento foi percebida bem antes do crime. Na avaliação de Elisia, tudo começou com uma corrente de oração. “Uma pastora convidou ela para participar. Durou 21 dias”, lembra.
Depois disso, Elza teria se transformado. Na semana que antecedeu a viagem, a alteração ficou ainda mais nítida. “Ela nunca foi de vender as coisas, mas começou a vender móveis, doar sapatos e roupas”, diz. Na viagem, levou alguns eletrodomésticos e até televisão, como se quisesse ficar de vez em São Paulo.
Segundo a irmã, a economista passou a dizer que “queria encontrar a felicidade na praia”. Elisia diz que a família morou por 6 anos em São Paulo, por isso tinha familiaridade com a região. Mas para a família, a economista disse que iria para Guarapari (ES), o que torna mais estranho o fato dela ter parado em São Vicente, ao lado de Praia Grande.
A tia, Antônia Santos da Silva, de 63 anos, garante que a sobrinha não tinha a violência como motivo para sair de Campo Grande, conforme relatos de outros irmãos que no fim de semana disseram que Elza já havia sido assaltada 11 vezes aqui na cidade.
“Mas como estava aposentada, buscava uma cidade no litoral. Era uma pessoa muito feliz, muito alegre, todo mundo gostava dela. Era muito inteligente”, comenta.
Os parentes cobram apoio da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul para reforçar as investigações em São Paulo. Ontem, um adolescente foi apreendido pela Polícia de santos, suspeito de ter atirado e Elza.
O caso - Elza foi morta com um tiro na cabeça no começo da tarde de sexta-feira (31). A princípio a Polícia suspeitou que a economista havia se perdido na rodovia Imigrantes e acabou entrando em uma favela de São Vicente, litoral paulista. Ela estava em um carro Corsa, com placas de Campo Grande.
O tiro foi disparado de fora do carro, e atravessou o para-brisas, acertando a economista, que trabalhou por 10 anos no Sebrae e atualmente é prestava consultoria para a instituição, além de atender micro e pequenas empresas no Estado.
A polícia suspeita que o autor do disparo tenha jogado a bicicleta em frente ao carro para fazer um assalto, e Elza, assustava, teria acelerado. A bicicleta estava em baixo do carro, e nada foi levado.
Elza foi socorrida ainda viva pelo Corpo de Bombeiros e levada para o Centro de Referência de Emergência e Internação de São Vicente, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Nada foi levado do veículo.