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Capital

Preso por atear fogo na mulher diz que estava “bêbado e drogado”

Gilson Ferreira da Silva prestou depoimento e permaneceu detido graças a pedido de prisão preventiva registrado pela Deam no mesmo dia do crime

Humberto Marques e Geisy Garnes | 13/12/2017 16:38
Gilson prestou depoimento e permaneceu detido graças a pedido de prisão preventiva feito pela Deam. (Fotos: André Bittar)
Gilson prestou depoimento e permaneceu detido graças a pedido de prisão preventiva feito pela Deam. (Fotos: André Bittar)

Gilson Ferreira da Silva, 39, o homem que no domingo (10) jogou gasolina e ateou fogo na mulher, Adriele de Fátima Soares Silva, 27, afirma que cometeu o crime em meio a um “surto”, pois estava “bêbado e drogado”. As declarações foram dadas à delegada Ariene Murad, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). O autor, que é alvo de prisão preventiva, vai responder à Justiça por tentativa de feminicídio com dois agravantes.

Na tarde desta quarta-feira (13), Gilson foi apresentado pela Deam. Ele havia se apresentado no dia anterior na 4ª Delegacia de Polícia Civil da Capital, que o transferiu para a Delegacia da Mulher, onde prestou depoimento e permaneceu sob custódia. Ariene explicou que, já no dia do crime, havia sido apresentado pedido de prisão preventiva contra o homem, que foi aceito pela Justiça.

O crime ocorreu na madrugada de domingo no Residencial Ramez Tebet. A mulher foi encaminhada para a Santa Casa em estado greve, quando o marido se evadiu do local do crime.

Em depoimento, segundo a delegada, Gilson afirmou que ele e a mulher consumiam bebidas alcoólicas e pasta-base de cocaína. A droga teria acabado, e Adriele teria pedido que ele comprasse mais. O homem afirma que não tinha dinheiro, ouvindo a sugestão de vender “vinagre e pimenta” que tinham em casa. Diante da negativa dele, teria começado uma discussão.

Questionado sobre a briga com a mulher, o homem afirma que “teve um surto” enquanto estava “bêbado e drogado”. Segundo ele, quando se deu conta, Adriele já tinha fogo sobre o corpo. “Apaguei o fogo dela, estava desesperado, não sei o que aconteceu”, afirmou.

Sobre a origem da gasolina, Gilson disse que atua como jardineiro, e o combustível era usado em uma máquina de cortar grama. O homem ainda afirmou às autoridades que estava arrependido de ter cometido o crime. Na delegacia, teria perguntado várias vezes sobre o estado da mulher que dizia amar. Sua ficha, porém, apontou apenas um registro de ocorrência por vias de fato, ocorrido há um ano.

Ariene Murad trabalha com a tese de que vítima estava dormindo quando foi alvo da tentativa de feminicídio.
Ariene Murad trabalha com a tese de que vítima estava dormindo quando foi alvo da tentativa de feminicídio.

Premeditado – Para a Polícia Civil, porém, as alegações de Gilson não influenciaram suspeitas de que a ação foi premeditada. Conforme Ariene Murad, ele teria aguardado Adriele dormir para cometer o crime. Embora o autor afirme que ambos estavam acordados, a hipótese acabou reforçada pelo depoimento do vizinho que socorreu a mulher.

A delegada informou que, em depoimento, essa testemunha havia ouvido Adriele gritar por socorro, dizendo que o companheiro queria a matar. “Eu acordei pegando fogo”, teriam sido as palavras da mulher ao vizinho, ainda conforme Ariene Murad.

Gilson será denunciado por tentativa de homicídio com dois qualificadores: motivo fútil (a suposta briga por conta do uso de drogas) e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. A delegada informou, ainda, que pretende usar o laudo médico de Adriele Silva como exame de corpo de delito “indireto”, até que ela se recupere e possa passar pelo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

Neste ano, a Deam registrou 6 feminicídios e 19 tentativas de feminicídios e Campo Grande –contra 7 crimes com morte e 38 tentativas em 2016. No Estado, são 16 mortes e 51 tentativas ao longo de 2017.

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