A cada 12 horas, um acusado é preso por violência doméstica contra mulher
Somente no primeiro semestre deste ano, a Polícia Civil prendeu 339 pessoas por violência doméstica contra a mulher, em Campo Grande. O número representa um acusado preso a cada 12 horas na Capital, e é alto, mas se comparado a estatística de denúncias relacionadas ao crime(3.340), significa que somente 10% dos denunciados foram presos.
De acordo com a delegada titular da DEAM (Delegacia de Atendimento a Mulher), Rosely Molina, a questão é que o número de presos se refere apenas aos casos de flagrante e mandados de prisão. "Com relação as denúncias, é instaurado o inquérito, a denúncia é apurada, e depois tudo é relatado à justiça, que decide ou não pela prisão do acusado, são situações independentes uma da outra", explicou a delegada.
Sobre o aumento no registro de denúncias, Rosely acredita que representa a maior sensação de segurança por parte das mulheres, diante do trabalho feito pela polícia. "Estamos fazendo um trabalho intenso de repressão a violência doméstica, seja ela de ordem física ou moral, isso dá segurança, além disso, há mais meios para denunciar, o que facilita", afirma.
Para a delegada, a existência e eficácia dos mecanismo de amparo às mulheres que denunciam situações em que são vítimas de violência doméstica como a Casa da Mulher Brasileira, que conta com uma estrutura completa para atendê-las, também refletem no aumento das denúncias. "A certeza do amparo, dá mais coragem a elas para que façam o registro. Antes elas eram agredidas por anos até denunciar, agora, na primeira agressão denunciam à polícia", relata.
Perfil - De acordo com Molina, não há um perfil específico que caracterize as vítimas de violência doméstica e também os autores. "Independe de classe social, idade ou qualquer outra coisa, são pessoas de todas as religiões e perfis", esclareceu.
Já a motivação costuma ser passional e futil, explica a delegada. "Casos de machismo são cotidianos. Ele sente ciúmes, acha que tem posse sobre a mulher, que acaba perdendo a liberdade e até sendo agredida", explicou. Alcoolismo e e uso de drogas por parte dos autores também são apontados como causa para as agressões.