A partir de 1º de julho, apenas duas UPAs terão pediatras à noite
Medida foi informada por diretores das unidades de saúde aos profissionais lotados; Sesau confirma alterações
Lamentando e reclamando da alteração das escalas de trabalho nas unidades de saúde 24 horas de Campo Grande, vários servidores, inclusive médicos, procuraram o Campo Grande News reforçando que já foram informados pela direção dos postos que a nova adequação passa a valer em 1º de julho, próximo sábado.
Entre as mudanças, está a de que apenas as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) dos bairros Coronel Antonino e Universitário continuam com pediatras atendendo. Até então, os CRSs (Centros Regionais de Saúde) do Nova Bahia e do Tiradentes e a UPA Leblon mantinham escala com médicos para atendimento infantil. Para esta noite, por exemplo, estão previstos três e dois para cada um dos CRSs citados, respectivamente, e seis na Leblon.
Nos grupos de mensagem das direções dos postos de saúde 24 horas, o lamento foi constante durante anúncio na readequação de escalas com redução de gastos. “Com o coração na mão, apresento a nova escala, conforme já é ciência de todos. Ordens vindas da prefeitura”, cita uma das mensagens.
Em outra, a direção comenta que serão mantidas as folhas normais, ou seja, contratadas e firmadas via concurso público. Já as horas eventuais, ou seja, extras, muitas vezes acordadas para adequação de plantões, serão cortadas. Também há mensagens em que os diretores dizem sentir muito em “ter que mandar esse tipo de mensagem” ou que “com certeza, em uma situação como essa, não temos como deixar todos satisfeitos com a mudança”.
Profissional de saúde que procurou o Campo Grande News afirmou que a medida da prefeitura, através da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), é para cortar gastos. Já a secretaria afirma que o objetivo é “garantir o melhor atendimento à população”.
Para o médico ouvido pela reportagem, a partir da mudança, será o caos. “No período noturno, chega a triar uns 100 pacientes (variando a demanda de cada unidade). Com menos dois médicos na escala que é o previsto, a demanda será muito maior, mais trabalho, mais tempo de espera, mais revolta da população com a equipe da unidade, maior agravo de casos”, enumerou.
No caso das crianças, segundo ele, “o acúmulo será tão ruim quanto a clínica, pois além de reduzir os médicos da escala, fecharam unidades que tinham pediatras no período noturno”, lamentou, reforçando que “essa ação de reajuste é uma desculpa para redução de gastos, e não de justiça, pois se comparar o número de atendimentos, a necessidade é que aumente o número de médicos clínicos e pediatras”.
Em nota, a Sesau confirmou os remanejamentos e informou que “está readequando as escalas de plantão nas unidades de urgência e emergência, sendo assim, aquelas que apresentam um maior fluxo de pacientes terão suas equipes reforçadas em relação àquelas que possuem um número menor de atendimento, necessitando, assim, menos profissionais durante o plantão”.
Comunicado diz que “cabe esclarecer que as medidas de remanejamento das escalas dos chamados plantões eventuais tem caráter organizacional, sendo prerrogativa da gestão fazer as adequações para atender as necessidades dos serviços” e que “é importante ressaltar ainda que não haverá redução de atendimentos ou prejuízos na assistência prestada à população”.