À venda por R$ 7,9 milhões, Hotel Gaspar já tem três interessados
Local fechou as portas em junho em razão da pandemia, 66 anos após inauguração
Seis meses após fechar as portas o Hotel Gaspar está oficialmente sendo vendido. O local que por 66 anos abrigou inúmeros visitantes da Capital não é tombado como patrimônio, mas com seus 84 apartamentos faz parte da memória da cidade.
As portas foram fechadas no dia 15 de junho e, na época, a família proprietária do local já havia afirmado que o espaço seria colocado a venda. O valor não foi revelado na ocasião, mas hoje já sabemos que o prédio está sendo vendido por R$ 7.950.000.
De acordo com a corretora responsável pela venda Ana Beatriz Volpe, o local foi anunciado por ela na segunda-feira (30) e até a manhã de hoje três interessados já haviam se manifestado.
"Ele está sendo vendido há seis meses, mas exclusivamente comigo está desde a segunda-feira e até agora já foram três procuras. Se a gente levar em conta que tem casa que fica a venda por sete anos, é bem pouco o tempo de anúncio", explicou ao Campo Grande News.
Em entrevista ao Campo Grande News em junho, Cristhian Gaspar, proprietária do hotel, disse acreditar que o prédio tem muito potencial para abrigar diversos segmentos. “Pode ser um espaço para atividades culturais, uma galeria ou uma edificação que tenha diversas atividades, até mesmo órgão público”, explica.
“Qualquer coisa que o hotel receba, ele vai continuar sendo lembrado como o Hotel Gaspar, e quem o comprar ou investir no prédio, pode, com um bom projeto, manter as características originais que carregam sua história”, completou.
Por telefone o cunhado e gerente do Hotel, César Braga, disse a reportagem, que apesar do local estar a venda desde quando fecharam as portas, a faixa foi colocada apenas essa semana depois de muita relutância.
"Pensamos muito até colocar a faixa porque pra gente é um impacto muito ruim, estamos vendendo desde que fechamos as portas. Para nós que estamos ali todos os dias, a placa causa um impacto ruim", explicou.
Ainda segundo César, desde que o hotel foi fechado a família vende os móveis que fazem parte da história do local e por isso tanto ele quanto Cris que ainda mora no local, estão ali todos os dias.
"Estamos vendendo os móveis. Já vendemos mesas, cadeiras, telefones antigos, e a ainda temos bastante guarda roupas, camas. Tem muita gente comprando guarda-roupa para fazer cristaleira. Vendemos ali mesmo.", destacou.
Para a família, apesar de relutante, a venda do hotel sempre foi certa desde que fecharam as portas. "Se pudéssemos mantê-lo não venderíamos, mas chegamos num estágio que não teve mais como mantê-lo aberto. Pensamos num primeiro momento que o poder publico pudesse ocupar por estar ali no entorno de uma parte tombada. O prédio tem uma infinidade de possibilidades", disse.
Em primeiro momento o prédio chegou a ser anunciado por R$ 9 milhões, mas depois a família decidiu trocar de corretora e baixaram o valor por acreditarem ser mais realista.
"Conversamos com quem entende o valor de 7,9 milhões é muito mais palpável. O valor de R$ 9 milhões acaba assustando. Como disse a Cris na época para vocês, não estamos vendendo tijolos estamos vendendo história", finalizou.
História - Inaugurado em 26 de agosto de 1954, o Hotel Gaspar foi o primeiro hotel a ter elevador na cidade, que permanece intacto no empreendimento. A cerimônia com a presença de Nossa Senhora de Fátima que, o avô português, Antônio Gaspar, fundador do hotel, trouxe de Portugal marcou a Capital.
De lá pra cá muitas histórias de um hotel que se tornou o “pai dos viajantes”, e também considerado por abrigar a 1ª rodoviária de Campo Grande, já que antes da construção do terminal era ali que os ônibus paravam e os bilhetes eram comprados.
O prédio que serviu de hospedagem para políticos e famosos, carrega nas costas a lenda de que hospedou até Che Guevara, foi palco para eventos importantes, casamentos e marcou a história até do cantor Michel Teló, isso porque o pai do cantor, Aldoir Pedro Teló, chegou a comandar o hotel durante um período em que arrendou o estabelecimento. Foi na sacada do quarto andar, por exemplo, que Michel Teló aprendeu a tocar acordeom.