Abandono de 4 filhos no Noroeste é reflexo da combinação álcool e depressão
Vizinhos contam que família mora no local tem apenas 2 meses e polícia é acionada quase todo dia
Vizinhos garantem que , pelo menos três vezes na semana, a Polícia Militar é acionada para resolver algum problema na casa onde quatro crianças foram abandonadas na noite desta quarta-feira (14) no Jardim Noroeste, em Campo Grande.
Com medo dos problemas frequentes na família, nenhum vizinho quis se identificar para a reportagem, mas contaram que a família mora no local há apenas 2 meses e é conhecida na região por conta das discussões recorrentes e pedidos de ajuda.
"Eles são novos aqui, vieram do Pará, e o que a gente vê é que, se ninguém fizer nada, ela vai se matar ou vai acabar matando uma dessas crianças. O vizinho aqui do lado já deu assistência pras crianças, já deu comida porque a mãe sumiu. Toda semana a polícia tá aqui", conta um gesseiro, de 35 anos.
De acordo com ele, o pai das crianças foi embora cansado das brigas com a esposa. "Ela já tentou esfaquear ele, faz barraco, realmente deixa as crianças sozinha e corre pelada na rua, não tem muito o que fazer, a gente chama a polícia e eles resolvem. Ficamos indignados com essa situação por causa das crianças, mas o pai também não faz o papel dele, de levar embora as crianças, então fica do jeito que tá.", conta o homem.
Diarista de 47 anos contou ao Campo Grande News que já tentou aconselhar a mulher, alertando que ela poderia perder a guarda das crianças dessa maneira. "Ela tá sempre alcoolizada, de manhã já começa. Toda semana tem coisa aí e tem uns seis dias que eu não vejo ela. Com a gente, da vizinhança, ela não caça confusão, é só ali na casa dela mesmo", contou.
Segundo o relato da diarista, por conta da depressão, a mulher já tentou se matar várias e colocou fogo na casa com as crianças dentro. "A filha mais velha saiu pedindo socorro e os vizinhos ajudaram", explica. "Ela não morreu ainda por causa das crianças, que pedem ajuda pros vizinhos. Ela tem problema psicológico forte, deveria ter uma assistência social pra ver isso, ela tem problema com marido e uma depressão muito grande", contou outro morador, que trabalha como ajudante de pedreiro e tem 43 anos.
Na noite desta quarta-feira as criança só comeram graças a uma vizinha, que deu alguns pedaços de bolo. Os quatro irmãos foram socorridas pela Polícia Militar para a DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) junto com uma conselheira tutelar. De acordo com a delegada Anne Karine Trevisan, responsável pela DEPCA, as crianças foram embora com o pai e a mãe delas será chamada para prestar depoimento.