Abandono é tristeza para moradores que só pensam em se mudar do Rancho Alegre
Mato alto, ruas sem asfalto, cheias de lama, entulhos e podas jogadas causam revolta
Os moradores do Rancho Alegre, bairro de Campo Grande, não estão nada contentes com o que veem diariamente ao chegar e sair de casa: mato alto, ruas sem asfalto e enlamaçadas, entulhos esparramados e podas largadas em frente a terrenos.
"Sempre foi abandonado", diz o pedreiro Emerson Clóvis Ledesma, 41, morador há 15 anos. Sobre os entulhos que estão na rua dele, explica que nem é desleixo. Foram colocados lá propositalmente, para tampar os buracos que o fizeram cair de moto e quebrar as duas pernas.
"Precisei colocar entulho de obra para passar aqui porque já caí de moto nessa rua várias vezes, duas delas quebrei as duas pernas", conta o pedreiro.
O bairro está recebendo obras para a instalação da rede de esgoto, o que tem aumentado os transtornos, continua Emerson. Um deles é o cheiro desagradável de um bueiro que foi aberto. "A gente não aguenta o cheiro do esgoto. Abriram e não voltaram para arrumar". diz. Ele é um dos moradores que anunciou a casa para venda por causa dos inúmeros problemas do Rancho Alegre.
Outra que quer fugir do bairro, é a dona de casa Lenice Lopes Soares, 58. A casa dela está à venda. "É um sufoco morar aqui. Vou partir antes do asfalto chegar porque essa é uma promessa que nenhum prefeito cumpre", decidiu.
A residência dela fica na Rua Abobreira. "Moro há 20 anos. Isso aqui, quando chove, é só por Deus a enxurrada que fica", fala.
Nem a principal do bairro, a Rua Mangaba, é exemplo. "É outra que está esquecida. Tudo o que tem lá, vem desembocar aqui quando chove. É entulho, é sujeira e mato alto", reclama Lenice.
O mato alto acaba, inclusive, ajudando quem comete furtos. "Os ladrões aproveitam para se esconder e furtam as casas quando as pessoas vão trabalhar. É um descaso imenso. Já furtaram cinco vezes a casa da minha filha na Rua Marangaba", diz a moradora. A filha de Emerson também foi uma vítima da criminalidade no bairro. "Foi assaltada ali na esquina, o cara enfiou a faca nela', ele relata.
Nem ônibus, nem carro de aplicativo - A dona de casa também afirma que os ônibus passam com dificuldade pela Rua Mangaba, principalmente nos dias de chuva e os seguintes a ela.
Motoristas de aplicativo preferem também não passar. Franciele Laureano, 38, que transporta passageiros e mora no bairro há nove anos, confirma. "A gente já sabe até as ruas que dá para andar e onde que não dá, mas eu evito pegar passageiro por aqui. Eles são compreensivos, avisam que não tem como entrar", afirma.
Isso sem falar no prejuízo. "Os carros aqui passam patinando no bairro. Para eu trabalhar é terrível. Tenho que limpar o carro todo dia antes de sair e, mesmo assim, quando chego no asfalto o carro já está todo sujo de novo. Estava descendo pela rua Mangaba na semana passada e rasguei um pneu novinho, que eu comprei não tinha nem duas semanas", diz.
A preocupação da operadora de caixa Lucineia Jacobe Barroso, 38, é como irá passear com o marido por lá após a cirurgia que ele irá fazer.
"O bairro aqui é 'sem condições'. Meu marido vai operar das pernas, ficar seis meses acamado. Eu estou preocupada, como ele vai andar de cadeira de rodas aqui? Quando chove, a enxurrada parece que vai arrancar tudo das ruas", pergunta a moradora.
Revolta de Lucineia é a falta do asfalto. "No documento da minha casa diz que a rua é asfaltada e tem esgoto, mas o esgoto mesmo estão colocando agora. O asfalto nem sei quando chega", afirma.
A reportagem questionou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Campo Grande sobre quais serviços está levando ao Rancho Alegre para mudar o atual cenário, e quais planeja levar. Não houve retorno até a publicação desta matéria, mas o espaço segue aberto.
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