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Capital

Abandono é tristeza para moradores que só pensam em se mudar do Rancho Alegre

Mato alto, ruas sem asfalto, cheias de lama, entulhos e podas jogadas causam revolta

Por Cassia Modena e Clara Farias | 30/05/2024 13:51
Atravessar a rua no Rancho Alegre é desafio no Bairro Rancho Alegre, mostra a motorista de aplicativo Franciele (Foto: Alex Machado)
Atravessar a rua no Rancho Alegre é desafio no Bairro Rancho Alegre, mostra a motorista de aplicativo Franciele (Foto: Alex Machado)

Os moradores do Rancho Alegre, bairro de Campo Grande, não estão nada contentes com o que veem diariamente ao chegar e sair de casa: mato alto, ruas sem asfalto e enlamaçadas, entulhos esparramados e podas largadas em frente a terrenos.

"Sempre foi abandonado", diz o pedreiro Emerson Clóvis Ledesma, 41, morador há 15 anos. Sobre os entulhos que estão na rua dele, explica que nem é desleixo. Foram colocados lá propositalmente, para tampar os buracos que o fizeram cair de moto e quebrar as duas pernas.

"Precisei colocar entulho de obra para passar aqui porque já caí de moto nessa rua várias vezes, duas delas quebrei as duas pernas", conta o pedreiro.

Emerson na rua onde já caiu de moto; o acidente fez ele quebrar as pernas (Foto: Alex Machado)
Emerson na rua onde já caiu de moto; o acidente fez ele quebrar as pernas (Foto: Alex Machado)

O bairro está recebendo obras para a instalação da rede de esgoto, o que tem aumentado os transtornos, continua Emerson. Um deles é o cheiro desagradável de um bueiro que foi aberto. "A gente não aguenta o cheiro do esgoto. Abriram e não voltaram para arrumar". diz. Ele é um dos moradores que anunciou a casa para venda por causa dos inúmeros problemas do Rancho Alegre.

Outra que quer fugir do bairro, é a dona de casa Lenice Lopes Soares, 58. A casa dela está à venda. "É um sufoco morar aqui. Vou partir antes do asfalto chegar porque essa é uma promessa que nenhum prefeito cumpre", decidiu.

A residência dela fica na Rua Abobreira. "Moro há 20 anos. Isso aqui, quando chove, é só por Deus a enxurrada que fica", fala.

Lenice e o mato alto no bairro, que acaba ajudando quem comete furtos (Foto: Alex Machado)
Lenice e o mato alto no bairro, que acaba ajudando quem comete furtos (Foto: Alex Machado)

Nem a principal do bairro, a Rua Mangaba, é exemplo. "É outra que está esquecida. Tudo o que tem lá, vem desembocar aqui quando chove. É entulho, é sujeira e mato alto", reclama Lenice.

O mato alto acaba, inclusive, ajudando quem comete furtos. "Os ladrões aproveitam para se esconder e furtam as casas quando as pessoas vão trabalhar. É um descaso imenso. Já furtaram cinco vezes a casa da minha filha na Rua Marangaba", diz a moradora. A filha de Emerson também foi uma vítima da criminalidade no bairro. "Foi assaltada ali na esquina, o cara enfiou a faca nela', ele relata.

Nem ônibus, nem carro de aplicativo - A dona de casa também afirma que os ônibus passam com dificuldade pela Rua Mangaba, principalmente nos dias de chuva e os seguintes a ela.

Motoristas de aplicativo preferem também não passar. Franciele Laureano, 38, que transporta passageiros e mora no bairro há nove anos, confirma. "A gente já sabe até as ruas que dá para andar e onde que não dá, mas eu evito pegar passageiro por aqui. Eles são compreensivos, avisam que não tem como entrar", afirma.

Casas estão à venda por causa do abandono no bairro, dizem moradores (Foto: Alex Machado)
Casas estão à venda por causa do abandono no bairro, dizem moradores (Foto: Alex Machado)

Isso sem falar no prejuízo. "Os carros aqui passam patinando no bairro. Para eu trabalhar é terrível. Tenho que limpar o carro todo dia antes de sair e, mesmo assim, quando chego no asfalto o carro já está todo sujo de novo. Estava descendo pela rua Mangaba na semana passada e rasguei um pneu novinho, que eu comprei não tinha nem duas semanas", diz.

A preocupação da operadora de caixa Lucineia Jacobe Barroso, 38, é como irá passear com o marido por lá após a cirurgia que ele irá fazer.

"O bairro aqui é 'sem condições'. Meu marido vai operar das pernas, ficar seis meses acamado. Eu estou preocupada, como ele vai andar de cadeira de rodas aqui? Quando chove, a enxurrada parece que vai arrancar tudo das ruas", pergunta a moradora.

Lucineia pergunta como irá passar pela rua com o marido em uma cadeira de rodas (Foto: Alex Machado)
Lucineia pergunta como irá passar pela rua com o marido em uma cadeira de rodas (Foto: Alex Machado)

Revolta de Lucineia é a falta do asfalto. "No documento da minha casa diz que a rua é asfaltada e tem esgoto, mas o esgoto mesmo estão colocando agora. O asfalto nem sei quando chega", afirma.

A reportagem questionou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Campo Grande sobre quais serviços está levando ao Rancho Alegre para mudar o atual cenário, e quais planeja levar. Não houve retorno até a publicação desta matéria, mas o espaço segue aberto.

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