Acampamento "fantasma" tem barracos vazios na BR-262
Nesta manhã, poucas pessoas eram vistas no local, que no começou do ano passado prometia abrigar mais de 600 famílias
Há pouco mais de um ano, famílias de 150 bairros de Campo Grande se mudaram para às margens da rodovia BR-262 - no anel viário, exigindo terra para fins de reforma agrária. Hoje, o clima no acampamento é de abandono, e apesar do grande número de barracos, é difícil encontrar moradores.
O acampamento Zumbi dos Palmares, ligado ao MPL (Movimento Popular de Luta), começou a ser montado em março do ano passado. Na época, o Campo Grande News encontrou famílias alegando que, com dificuldades financeiras, tinham o sonho de ter um terreno para produzir. A maioria dizia que abandonou o aluguel para morar ali.
O cenário na manhã desta segunda-feira (27) era bem diferente. Andando pelo acampamento é possível ver os vários barracos já montados, muitos cercados e até com hortas organizadas. Outros no entanto estão desmontados e abandonados.
Se a promessa no ano passado era reunir cerca de 600 famílias no local, hoje poucas pessoas são vistas, deixando um cenário de abandono na maior parte dos barracos - que ocupam cerca de 500 metros dos dois lados da rodovia.
A equipe de reportagem tentou contato com a liderança do grupo para entender a atual situação do acampamento e quantas famílias deveriam estar morando no local, mas na sede do movimento foi avisada que informações não seriam repassadas à imprensa. O contato também foi feito por telefone, mas durante a ligação, a líder do grupo alegou que não poderia falar naquele momento.
No Estrela 13 - acampamento vizinho ao Zumbi dos Palmares - o movimento nesta manhã também era tímido, e as famílias eram vistas em poucos barracos. A explicação, segundo uma das moradoras que a reportagem encontrou no local, é a “morada paralela”. “Também moro na cidade, fico aqui alguns dias, outro lá”, detalhou a mulher de 38 anos.
“Meu sonho é ganhar minha terra, ter meu sítio para criar meus filhos”, explicou a mulher quando questionada o motivo que a faz ir ao acampamento todas as semana durante os três anos que “vive” ali.
Ao Campo Grande News, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) informou que não é possível saber quantas famílias deveriam ocupar o acampamento, mas afirmou que os dois movimentos esperam por um novo projeto de assentamento, ou a retomada da distribuição dos lotes da reforma agrária. Até o momento não há previsão para isso.