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Capital

Ação do Gaeco apreendeu R$ 121 mil, documentos e até celular “anti-espião”

Maior valor foi localizado com servidor do TCE, que também é dono dos aparelhos de telefonia móvel

Aline dos Santos | 05/09/2017 12:48
Gaeco fez operação no Detran no dia 29 de agosto.
(Foto: Marcos Ermínio)
Gaeco fez operação no Detran no dia 29 de agosto. (Foto: Marcos Ermínio)

A passagem do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que realizou a operação Antivírus na última terça-feira (dia 29), por 20 endereços apreendeu R$ 121 mil em dinheiro vivo, documentos e três celulares com tecnologia anti-espionagem.

O maior valor foi localizado com Parajara Moraes Alves Júnior, servidor comissionado no TCE/MS (Tribunal de Contas do Estado): R$ 105.420. Do total, R$ 89.420 estavam na mesa do gabinete do investigado no tribunal e R$ 16 mil na residência, no bairro Monte Castelo.

De acordo com o Portal da Transparência do tribunal, ele foi nomeado em 2012, ocupa cargo de diretor 1, cuja remuneração é de R$ 23.814. Parajara também chamou a atenção por ter três celulares Granite Phone. O aparelho é apresentado como totalmente seguro, com criptografia que elimina qualquer risco contra a privacidade dos seus usuários, roubo de dados e espionagem. O modelo custa R$ 3.299.

Do montante apreendido em toda a operação, R$ 5 mil estavam na casa do então diretor-presidente do Detran, Gerson Claro, no residencial Dahma II; R$ 4 mil foram localizados no apartamento do empresário José do Patrocínio Filho, no Santa Fé; e R$ 7.400 na casa de Donizete Aparecido da Silva, no bairro Otávio Pécora, que ocupava o cargo de diretor adjunto do Detran.

As apreensões também indicam que muitos alvos levavam trabalho para a casa. A rescisão unilateral do contrato 3263/2014, com o Consórcio REG-DOC, foi encontrada, por exemplo,no quarto do ex-diretor Celso Oliveira. 

Operação aprendeu R$ 5 mil na casa de Gerson Claro. (Foto: Marcos Ermínio)
Operação aprendeu R$ 5 mil na casa de Gerson Claro. (Foto: Marcos Ermínio)

Ligações – O Detran e o TCE fizeram contratos com a empresa Pirâmide Central Informática. Para o MPE, o contrato, no valor de R$ 7,4 milhões, com o o órgão de trânsito foi um “negócio da China”, com baixíssimo investimento e polpuda rentabilidade.

Criada em 2008, a empresa estava destinada a prestar assessoria de informática de clientes da Pirâmide Contabilidade. Entretanto, antes de conquistar o primeiro contrato com a administração pública, passou por mudanças.

Segundo o Gaeco, houve alteração do objeto contratual e elevação do capital social. A empresa nasceu com capital social de R$ 5 mil. Em abril do ano passado, ampliou a gama de serviços e, entre julho e agosto de 2016, meses antes de firmar o contrato com o Detran, datado de 26 de setembro do ano passado, recebeu R$ 1,2 milhão da Digitho Brasil, atual Digix.

No final de 2016, em 19 de dezembro, o Tribunal de Contas homologou a Pirâmide Central Informática Ltda como vencedora de pregão presencial no valor de R$ 9,4 milhões. O contrato foi firmado em 22 de dezembro.

Outro lado - Após a operação, a diretoria do Detran pediu demissão, mas informou que provará a inocência. A defesa de Parajara Moraes Alves Júnior informa que os celulares foram comprados no mercado legal e que ele está à disposição para prestar depoimento. 

A Digix informa não ter contrato com o Detran e nega irregularidades. A Pirâmide foi contatada na semana passada, mas informou que não se manifestaria. O TCE não respondeu ao pedido de informações da reportagem até a publicação desta matéria. 

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