Adolescente vítima de PRF também diz não ter visto maçaricos em veículo
Garoto, de 17 anos, estava na caminhonete de Adriano, quando o empresário foi morto por ‘Coreia’; versão dele também reforça suspeita de provas ‘plantadas’
O adolescente, de 17 anos, passageiro do carro de Adriano Correa do Nascimento, de 33 anos, morto por Ricardo Hyun Su Moon, após briga de trânsito em 31 de dezembro de 2016, nega ter visto dois flambadores de sushi no veículo. O depoimento dele em juízo reforça a suspeita de que provas foram “plantadas” na caminhonete da vítima.
Além da morte do empresário, nesta fase de instrução do processo contra o policial rodoviário federal, conhecido como “Coreia”, a Justiça tenta esclarecer o “aparecimento” dos maçaricos, que podem ser confundidos com armas, situação que corrobora com a versão do PRF sobre o motivo dele ter atirado e coloca “em xeque” o trabalho da perícia.
Na tarde de ontem (11), agentes de polícia científica, um delegado e uma perita foram ouvidos e já levantaram a suspeita em juízo de que os flambadores foram colocados na Toyota Hilux, de Adriano, depois que a perícia havia sido concluída.
Durante acareação, a perita criminal Karina Rebulla Lairtart, responsável pela análise na caminhonete, declarou desconfiar de atitudes do colega Domingos Sávio Ribas. Segundo ela, foi o perito quem a levou de volta até a Hilux no dia 4 de janeiro, quando maçaricos foram encontrados no interior.
O garoto manteve a versão sobre os fatos, acusando “Coreia” de ter atirado contra Adriano após uma discussão no trânsito e que o empresário, ele e o padrasto, Agnaldo Espinosa da Silva, de 48 anos, não sabiam que Moon era policial.
A noite – Assim como Agnaldo, que prestou depoimento na quarta-feira passada, o adolescente também admitiu que ele e as outras duas vítimas do PRF beberam na noite anterior ao crime e negou ter visto o motorista morto por “Coreia” usando drogas. “Ele sumia às vezes”, conta sobre o tempo que passou com Adriano na boate Non Stop.
O laudo necroscópico assinado pela médica legista Vania Esteves Silva apontou que o empresário tinha feito uso de entorpecente (ecstasy), um remédio para ansiedade (Setralina), além de estar com “elevados níveis de álcool no sangue”.
A partir deste momento do depoimento, o jovem se contradisse. Quando questionado pela acusação, ele disse que antes de irem para a boate, ele, o padrasto e o amigo já estavam bebendo cerveja.
Depois, quando Renê Siufi, advogado do PRF, perguntou se ele tinha ciência de que não podia estar numa boate e nem fazer uso de álcool, ele mudou a versão, dizendo que antes de irem para a casa noturna, o trio passou em algum lugar da cidade para lanchar.
Audiências – Na tarde desta quarta-feira (12), além do adolescente, mais quatro testemunhas escolhidas pela defesa de “Coreia” devem ser ouvidas na 1ª Vara do Tribunal do Júri.
Acusação e defesa fazem perguntas na frente do juiz Carlos Alberto Garcete, que analisa o processo.
O policial rodoviário participou das duas últimas audiências, como ouvinte, mas não apareceu hoje no Fórum.
Crime - O comerciante, que conduzia a Toyota Hilux, foi morto na madrugada de 31 de dezembro de 2016, um sábado, na avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande. Atingido por tiros, ele perdeu o controle do veículo e a caminhonete bateu em um poste.
Ricardo Moon foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo e o enteado. Ele foi preso por duas vezes, mas está em liberdade.