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Capital

Agentes sanitários fecham frigorífico e trabalhadores protestam por salários

Agentes da Iagro encontraram insetos, itens para manter qualidade da carne irregulares e sanitários estragados

Por Natália Olliver e Antonio Bispo | 29/11/2023 10:18
Trabalhadores protestaram em frente à Iagro na manhã desta quarta-feira (Foto: Luiz Antônio)
Trabalhadores protestaram em frente à Iagro na manhã desta quarta-feira (Foto: Luiz Antônio)

Trabalhadores do Frigorífico Beta Alimentos LTDA, localizado na saída para São Paulo, fizeram paralisação em frente à Iagro (Agência Estadual de Sanitária Animal e Vegetal), na manhã desta quarta-feira (29), para reivindicar a decisão do órgão de barrar o abate de animais no local. A ordem, segundo funcionários da empresa, pode deixar mais de 120 trabalhadores sem emprego. Cerca de 100 manifestantes estão no local.

Agentes da Iagro teriam encontrado problemas sanitários nos estabelecimento e colaboradores estão parados desde sexta-feira (24). O Sticcg (Sindicato dos Trabalhadores da indústria de Carne e derivados de Campo Grande) se reuniu com representantes da pasta para tentar resolver a situação sanitária.

À reportagem, um dos colaboradores, de 29 anos, que não quis ser identificado, explicou que a Agência embargou o frigorífico por motivos “mínimos”. “Eles chegaram sem aviso prévio e barraram o abate. Estamos parados desde sexta-feira, sem trabalhar. Queremos voltar a sensação que mês que vem ficamos sem salários. São pais e mães que ficaram à mercê, sem um posicionamento”.

De acordo com ele, a Agência fez solicitações para a empresa que foram cumpridas em conjunto aos colaboradores. “Nos fizemos um mutirão lá, todos os trâmites, mas eles ainda não liberaram. Eram coisas mínimas, como saco de lixo do lado da lixeira, pátio com folhas, entre outras coisas assim”.

Luiz Antônio Cavalheiro, de 45 anos, disse que a Iagro não emitiu nenhum aviso prévio sobre a fiscalização, tampouco deu tempo para que os reparos fossem resolvidos. “Infelizmente, eles chegaram de surpresa, já foram lacrando o curral, já foram lacrando a entrada da sessão do setor de abate lá, impedindo os trabalhadores de trabalhar. Eles falaram que há problemas no curral, que viram uma não conformidade, um besouro na parede e deram. Isso não tem cabimento, qual frigorífico, ainda mais do lado de uma reserva, que não vai encontrar um besouro numa parede”.

Cleverson Felicio, representante do Sticcg (Foto: Marcos Maluf)
Cleverson Felicio, representante do Sticcg (Foto: Marcos Maluf)

Cleverson Felicio Ferreira, representante do Sticcg, disse que ainda não há solução para o impasse. Na reunião, ele pediu mais prazo para que a empresa regularize o que foi solicitado, mas Iagro manterá local fechado até segunda ordem.

“A empresa fala que precisa estar aberta para regularizar a situação, fechada não consegue. Viemos pedir isso, um prazo maior. Não dá pra ficar do jeito que está. A empresa está fechada, os trabalhadores com 13º para receber e nada. Saímos dessa reunião frustrados, achamos que iríamos sair com posicionamento, mas nada. O representante da empresa terá que vir. Pra garantir o pagamento dos trabalhadores. O risco é de mais de 100 pessoas serem demitidas.”

Segundo Luiz Antônio, a empresa já chegou a atrasar o pagamento dos funcionários, mas um dos donos garantiu que não demitirá ninguém. “Agora, com a empresa parada, infelizmente não tem recurso pra pagar a gente, com quase 200 funcionários parados, aí vai ficar difícil no final do ano. Nós já está com o salário comprometido, tem 13º, alguns aí já tem férias vencidas. A empresa falou que se eles liberarem a liminar, vão pagar normalmente. O patrão falou que não vai admitir ninguém, só que vai depender também dessa liminar".

Outro lado - Cristiano Moreira de Oliveira, diretor adjunto da Iagro, falou com o Campo Grande News e explicou o impasse.

Cristiano Moreira de Oliveira, diretor adjunto da Iagro (Foto: Antonio Bispo)
Cristiano Moreira de Oliveira, diretor adjunto da Iagro (Foto: Antonio Bispo)

Disse que o frigorífico já teve o serviço suspenso outras vezes por irregularidades sanitárias e que nunca se adéqua totalmente às solicitações feitas pela pasta. "Eles corrigem parcialmente, nunca totalmente e quando chega no ponto que a gente não consegue mais essa garantia, a gente encerra, suspende o frigorífico até corrigir. A Iagro tem que garantir que esse alimento que tem a qualidade e que não tenha nenhum tipo de contaminação bacteriana ou qualquer problema".

De acordo com ele, a empresa está usando os funcionários com a justificativa de que não poderá pagá-los. "A empresa quer fazer uma pressão para funcionar e coloca os funcionários dizendo que não vai pagar o 13º e realmente eles ficam preocupados com isso e querem uma resposta para a situação".

Os motivos do fechamento seriam variados, entre eles a bomba de cloro, que não está funcionando, o que prejudica a lavagem da carne. Além disso, a temperatura em que a empresa realiza os procedimentos está irregular. A ação pode contaminar o alimento. A questão dos insetos no local também foi motivo para o fechamento.

"Você joga água e não elimina as bactérias, não elimina os germes que podem contaminar a carne. Se a temperatura estiver errada pode ter contaminação, as bactérias podem proliferar e prejudicar a carne, estragar a carne, então eles não estão garantindo isso. Eles [insetos] podem ter certo portador, que carrega salmonelose, várias outras bactérias e vírus."

Cristiano ressalta que os sanitários dos colaboradores e esterilizadores não estão funcionando corretamente e que a câmara fria está lotada. "Tem algumas situações que impedem a gente de continuar trabalhando. Eu não posso colocar uma população em risco por conta de uma pressão, de uma pressão dos trabalhadores, infelizmente".

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