Além de rever privilégios, prefeitura quer reduzir gasto com água e luz
Empresas que possuem contratos com o município estão sendo procuradas para "unir esforços" e diminuir preço dos serviços.
Desde os 'penduricalhos' na folha de pagamento, que representa a maior despesa mensal, até o custeio com água, energia elétrica e impressão de documentos, a Prefeitura de Campo Grande está em busca de solução para tirar as finanças do vermelho.
Com a finalidade de reduzir o deficit mensal, que está na casa dos R$ 30 milhões, a gestão municipal está em negociação com pelo menos 20 empresas, concessionárias e conveniadas, para diminuir o valor dos contratos públicos. A receita em abril foi de R$ 128,1 milhões, sendo que as despesas somaram R$ 159,9 milhões.
O secretário municipal de Planejamento, Controle e Finanças, Pedro Pedrossian Neto, disse durante coletiva, nesta quinta-feira (25), que já obteve sucesso na negociação com setores variados, onde os gastos mais pesam no “bolso” do município.
Além do ajuste financeiro para redução dos R$ 110,24 milhões com a folha de pagamento que, no mês passado, representou 68,9% dos gastos totais, também está na mira da prefeitura o custeio com os serviços da Solurb, por exemplo, um dos maiores contratos da administração municipal.
"O gasto com o consórcio responsável pela coleta de lixo e limpeza das ruas da cidade é o segundo maior, chegando a R$ 7,9 milhões em abril. Estamos em avançadas negociações com a empresa para reduzir 20% do valor, que deve cair para cerca de R$ 6,4 milhões”, disse o secretário.
O terceiro maior dispêndio em abril foi com os hospitais, que totaliza R$ 6,54 milhões, e duodécimo da Câmara Municipal, de R$ 5,69. No período, também aparece na relação dos maiores gastos a operação tapa-buraco, que somou R$ 5,02 milhões.
“Com a diminuição das chuvas, a expectativa é que a conta seja gradativamente menor, pois ficará mais difícil novos buracos se abrirem”, disse. Também é alto o gasto com a dívida fundada, contratualizada com Caixa Econômica Federal, Bando do Brasil, BID, em longo prazo, que atingiu R$ 4,55 milhões em abril.
Uso racional – A Energisa, de acordo com Pedrossian, aceitou parcelar a dívida do município em 12 vezes, com pagamento a partir de setembro. "A prefeitura também vai fechar parceria com a concessionária para criar uma campanha de conscientização entre os servidores para uso racional da energia elétrica em todas as repartições”, adiantou.
O mesmo será feito com equipes da Águas Guariroba, com previsão de um intenso trabalho de cooperação nas escolas municipais para reduzir o gasto com água.
"Fizemos auditorias nas principais escolas e descobrimos situações gravíssimas de desperdício de água. Tem escola gastando até R$ 22 mil só com a conta. Por isso, iremos focar nas unidades para que haja uso consciente na comunidade escolar. Somente em abril, o gasto geral foi de R$ 1,32 milhões”, detalha.
O secretário citou ainda o contrato com Omep/Seleta, lembrando que muitas demissões já aconteceram e que o valor está sendo cada vez menor; e renegociação com empresas que fazem do transporte escolar.
"As transportadoras aceitaram dar desconto de 10% nos valores, que ultrapassam os R$ 800 mil por mês. A redução será de aproximadamente R$ 80 mil", esclareceu.
Destaque também para redução nos valores dos contratos com os fornecedores da merenda escolar, que aceitaram reduzir valores em até 20% no preço dos alimentos como arroz, feijão, carne, frango, leite e ovos.
Houve sucesso na negociação para reduzir em 25% dos contratos para impressões e cópias de documentos. Haverá tentativa de diminuir, também, os custos com alimentação de servidores.
Essas negociações integram as medidas anunciadas pela prefeitura para o reequilíbrio financeiro do município, entre elas cortes na folha de pagamento e melhorias da arrecadação, que podem resultar em fôlego financeiro mensal de R$ 15 milhões.