“Ali não será”, diz prefeito a moradores de assentamento sobre novo aterro
OCA Ambiental não terá autorização para instalar aterro sanitário em área próxima a comunidade, garantiu Marquinos em reunião
Em reunião com comissão de moradores dos assentamentos Abelhinha e Bosque dos Lírios I e II, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), garantiu que a empresa OCA Ambiental não terá autorização para a instalação de aterro sanitário industrial em área próxima aos lotes, na MS-040. Os assentados chegaram a fazer abaixo-assinado contra o empreendimento.
Localizada no km 30 da MS-040, que liga Campo Grande a Santa Rita do Pardo, a Fazenda Colorado hoje abriga centena de espécies da fauna e flora do Cerrado. Às margens do Córrego Pouso Triste e sobre o Aquífero Bauru, a área de 48 hectares foi comprada pela empresa que atua em Dourados para a instalação do aterro, com capacidade para receber 320 toneladas de lixo por dia.
A instalação ainda estava na fase de estudos, quando os moradores dos assentamentos se mobilizaram. O Rima (Relatório de Impacto Ambiental), um dos passos para a construção, foi apresentado para Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) em audiência pública realizada no início de dezembro do ano passado.
Na tarde de hoje, numa reunião com os representantes dos assentados, o vereador Eduardo Romero (Rede), e técnicos da Semadur e da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), o prefeito colocou fim à polêmica. “Toda vez que a sociedade se envolve, a cidade de desenvolve. Existem locais residências que não são coerentes com determinados tipos de empresa, neste caso específico, o aterro. Ali não será”.
O vereador diz estar satisfeito com a decisão. “Foi assegurado pelo prefeito que lá não vai ser instalado aterro. Existem razões técnicas, a área não comporta. Então, não haverá autorização para a instalação desse empreendimento lá. Política só pode ser pública quando é feita para as pessoas e com as pessoas”, declarou.
Preocupações – As preocupações levantadas por moradores e especialistas da área ambiental foram tema de matérias do Campo Grande.
Conforme o relatório levado à audiência na Câmara, maior parte da área comprada pela OCA Ambiental serve de pastagem para pecuária. Restaram, em uma ponta da fazenda, 3,4 hectares de cobertura vegetal original, correspondentes à reserva legal já existente.
No outro extremo da área passa o Pouso Triste, um dos córregos que dão origem ao Rio Anhanduizinho, afluente do Rio Anhanduí, principal curso d’água de Campo Grande.
Laudo geológico elaborado para o Rima aponta que, no local, as águas do Aquífero Bauru emergem e formam leitos fluviais.
O estudo apresentado na audiência pública considera os impactos negativos do empreendimento na zona rural de Campo Grande. A principal preocupação é com possível contaminação do solo e da água.
Conforme laudo geológico, as características do solo na fazenda tornam “o aquífero local de alta vulnerabilidade à contaminação”.
No documento, a OCA explica a criação de sistema de tratamento dos resíduos para evitar a poluição. Garantiu ainda que não vai alterar a área de preservação permanente e, por isso, o impacto à flora e à fauna serão o mínimo possível.
No relatório, lista centena de árvores e bichos que fazem da Fazenda Colorado seu habitat. Do total, 40 espécies florestais ficam na área de pastagem.
A preocupação das 92 famílias assentadas na Fazenda Caroline é que a degradação pudesse afetar a produção nos moldes da agricultura familiar.