Alvo da PF, azeite de oliva fake, até usado em lamparinas, é vendido na Capital
Marca comercializada é importada irregularmente da Argentina e imprópria ao consumo humano
Vendido como azeite de oliva extravirgem, produto da marca Valle Viejo pode ser encontrado à venda em feiras de Campo Grande, embora sua comercialização tenha sido suspensa no Brasil em 2021 pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
O produto é considerado impróprio para o consumo humano por ter acidez de 5,2%. "Vale frisar que, de acordo com as normas brasileiras, o azeite se torna impróprio para consumo humano quando a acidez é superior a 2%", ressalta a publicação no portal da polícia. Na composição, também há "lampante", óleo de azeitonas fermentadas que antigamente era usado como combustível para lamparinas.
Mesmo assim, nesta quarta-feira (24), um homem e uma mulher o vendiam livremente na feira da Praça Flamboyant, que fica no Bairro Tiradentes. Flagrados pela reportagem, eles admitiram o comércio e afirmaram desconhecer a suspensão.
A venda irregular é, inclusive, alvo da Operação Lampante da PF (Polícia Federal). As forças de segurança iniciaram a ação um dia antes, na terça-feira (23), em Foz do Iguaçu (PR). Questionados, os feirantes da Capital afirmaram também não saber sobre a ação policial.
"As vendas são muito boas porque o produto é conhecido e 'se vende'. Todo mundo que compra gosta. Nunca fiquei sabendo de alguém que tenha tido problemas ao consumir", afirmou o homem. Ele e a mulher pediram para não serem identificados nesta publicação.
O produto é exposto pelo homem em perfil no Instagram. Nas publicações, ele avisa em qual feira está e escreve: "o melhor azeite do planeta".
Entre as postagens já feitas na rede social, são citadas a feira do condomínio de luxo Alphaville, Bairro Parque dos Novos Estados; a do Bairro Rita Vieira; a do Bairro Coopharadio; a da Praça Bolívia, no Bairro Santa Fé; a do Bosque da Paz, no Bairro Carandá Bosque; e a da Praça do Peixe, que fica no Bairro Vilas Boas.
Acidez - De acordo com informações divulgadas no site da PF, laudos periciais apontaram que o produto da Valle Viejo é uma mescla de óleos de soja e girassol, importado irregularmente da Argentina e distribuído no Brasil pela internet.
Ao se inteirar da informação sobre ser impróprio ao consumo humano, o feirante de Campo Grande defende a veracidade do que está escrito na embalagem. "Aqui diz que tem 0,01% de acidez. Existem os que são falsificados, mas eu comercializo o original porque pego direto da fábrica. Tenho família na Argentina", argumenta.
Ele finalizou a entrevista afirmando ter intenção de começar a vender marcas de azeite nacionais, vindas da região Sul.
Fiscalização - Questionada sobre já ter realizado apreensões do produto da Valle Viejo em feiras de Campo Grande, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), responsável pela fiscalização, não retornou ao contato até o fechamento desta publicação. O espaço segue aberto.
Apreensão - A PF começou a operação por Foz do Iguaçu, cidade brasileira que faz fronteira com a Argentina. O pontapé para a ação foi a apreensão de dezenas de embalagens com a identificação de azeite de oliva já embaladas para envio na residência de um casal.
O material recolhido será submetido a exames periciais. Se as suspeitas forem confirmadas, o casal será indiciado no crime de adulteração de substância alimentícia, cuja pena pode chegar a oito anos de reclusão.