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Capital

Alvo da PF, azeite de oliva fake, até usado em lamparinas, é vendido na Capital

Marca comercializada é importada irregularmente da Argentina e imprópria ao consumo humano

Cassia Modena e Mylena Fraiha | 25/05/2023 11:28
Com feira da Praça Flamboyant começando, banca com produto à venda já estava montada (Foto: Alex Machado)
Com feira da Praça Flamboyant começando, banca com produto à venda já estava montada (Foto: Alex Machado)

Vendido como azeite de oliva extravirgem, produto da marca Valle Viejo pode ser encontrado à venda em feiras de Campo Grande, embora sua comercialização tenha sido suspensa no Brasil em 2021 pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

O produto é considerado impróprio para o consumo humano por ter acidez de 5,2%. "Vale frisar que, de acordo com as normas brasileiras, o azeite se torna impróprio para consumo humano quando a acidez é superior a 2%", ressalta a publicação no portal da polícia. Na composição, também há "lampante", óleo de azeitonas fermentadas que antigamente era usado como combustível para lamparinas.

Mesmo assim, nesta quarta-feira (24), um homem e uma mulher o vendiam livremente na feira da Praça Flamboyant, que fica no Bairro Tiradentes. Flagrados pela reportagem, eles admitiram o comércio e afirmaram desconhecer a suspensão.

A venda irregular é, inclusive, alvo da Operação Lampante da PF (Polícia Federal). As forças de segurança iniciaram a ação um dia antes, na terça-feira (23), em Foz do Iguaçu (PR). Questionados, os feirantes da Capital afirmaram também não saber sobre a ação policial.

Galão de 5 litros da marca vendido ao lado outras embalagens plásticas (Foto: Reprodução/Instagram)
Galão de 5 litros da marca vendido ao lado outras embalagens plásticas (Foto: Reprodução/Instagram)


"As vendas são muito boas porque o produto é conhecido e 'se vende'. Todo mundo que compra gosta. Nunca fiquei sabendo de alguém que tenha tido problemas ao consumir", afirmou o homem. Ele e a mulher pediram para não serem identificados nesta publicação.

O produto é exposto pelo homem em perfil no Instagram. Nas publicações, ele avisa em qual feira está e escreve: "o melhor azeite do planeta".

Entre as postagens já feitas na rede social, são citadas a feira do condomínio de luxo Alphaville, Bairro Parque dos Novos Estados; a do Bairro Rita Vieira; a do Bairro Coopharadio; a da Praça Bolívia, no Bairro Santa Fé; a do Bosque da Paz, no Bairro Carandá Bosque; e a da Praça do Peixe, que fica no Bairro Vilas Boas.

Produto apreendido pela polícia (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Produto apreendido pela polícia (Foto: Divulgação/Polícia Federal)

Acidez - De acordo com informações divulgadas no site da PF, laudos periciais apontaram que o produto da Valle Viejo é uma mescla de óleos de soja e girassol, importado irregularmente da Argentina e distribuído no Brasil pela internet.

Ao se inteirar da informação sobre ser impróprio ao consumo humano, o feirante de Campo Grande defende a veracidade do que está escrito na embalagem. "Aqui diz que tem 0,01% de acidez. Existem os que são falsificados, mas eu comercializo o original porque pego direto da fábrica. Tenho família na Argentina", argumenta.

Ele finalizou a entrevista afirmando ter intenção de começar a vender marcas de azeite nacionais, vindas da região Sul.

Fiscalização - Questionada sobre já ter realizado apreensões do produto da Valle Viejo em feiras de Campo Grande, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), responsável pela fiscalização, não retornou ao contato até o fechamento desta publicação. O espaço segue aberto.

Início de feira na Praça Flamboyant, com a banca já montada ao fundo (Foto: Alex Machado)
Início de feira na Praça Flamboyant, com a banca já montada ao fundo (Foto: Alex Machado)

Apreensão - A PF começou a operação por Foz do Iguaçu, cidade brasileira que faz fronteira com a Argentina. O pontapé para a ação foi a apreensão de dezenas de embalagens com a identificação de azeite de oliva já embaladas para envio na residência de um casal.

O material recolhido será submetido a exames periciais. Se as suspeitas forem confirmadas, o casal será indiciado no crime de adulteração de substância alimentícia, cuja pena pode chegar a oito anos de reclusão.

Caixas do produto apreendidas pela PF em Foz do Iguaçu (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Caixas do produto apreendidas pela PF em Foz do Iguaçu (Foto: Divulgação/Polícia Federal)



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