Amanda queria reconstruir vida, agora despedaçada com morte de Estela
Com coração despedaçado e à base de calmantes, a dona de casa Amanda Sousa Andrade, 21 anos, velou o corpo da filha Estela, de 1 ano e 5 meses, na manhã desta sexta-feira (10), no centro comunitário do Bairro Aero Rancho. A menina morreu atropelada na noite de quarta-feira (8), no condomínio Morumbi Park, onde morava, na Rua do Dinar, na Vila Carlota, em Campo Grande.
A jovem morava em Franca, no Estado de São Paulo, e há pouco mais de um mês se mudou com a filha para um único propósito: recomeçar a vida em Campo Grande. “Ela separou do marido e se mudou para cá. Estava procurando emprego e creche para a criança. A menininha era uma gracinha”, lamenta o motorista Sílvio Teixeira do Nascimento, 38 anos, padrasto de Amanda.
Segundo Sílvio, Amanda quase não falou desde a morte da filha. Durante o velório, a jovem passou mal duas vezes e precisou ser levada para uma unidade de saúde. “Ela era uma mãe superprotetora. O que aconteceu foi uma tragédia. Não adianta a gente querer culpar alguém. Foi um acidente, ninguém teve culpa. Imagino como deve estar a cabeça do condutor do carro”, afirma Sílvio abalado com a situação.
Contudo, ele não descarta que pode ter havido negligência, pois a menina tinha acabado de aprender a andar e não parava em canto nenhum. “Quem é mãe e pai sabe que situações como esta pode acontecer com qualquer um”, alerta. O sepultamento da criança ocorreu por volta das 9h no Cemitério São Sebastião (Cruzeiro).
Tragédia - O estudante de 21 anos, condutor do veículo Ônix prata, havia ido ao condomínio visitar a namorada de 22 anos, que mora junto com mãe da criança. As duas têm filhas pequenas. Na hora de ir embora, como o portão estava com a trava quebrada, a namorada do rapaz entrou no carro com as duas crianças e foi até a portaria abrir o portão manualmente, enquanto a mãe de Estela mexia no celular. Ao chegar no portão, a mulher desceu do veículo, tirou as duas crianças do carro e as colocou no chão. Quando saía do residencial, o rapaz sem perceber passou por cima da vítima.
Conforme o tenente do Corpo de Bombeiros, Teodozio Arebalo, quando a equipe chegou ao local a menina já estava em parada cardiorrespiratória. "Fizemos o primeiro atendimento. Em seguida chegaram os socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). Tentamos de tudo, mas cerca de 40 minutos depois foi atestado o óbito”, lamenta.
De acordo com o delegado Cleverson Alves dos Santos, que atendeu a ocorrência, a mãe, a amiga e o namorado vão responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.