"Quem planta, colhe": Azambuja celebra início de megafábrica idealizada em 2020

As obras da megafábrica de celulose da chilena Arauco, no município de Inocência, a 330 quilômetros de Campo Grande, entraram oficialmente nesta quarta-feira (9) na fase de construção, deixando para trás a etapa de terraplanagem iniciada em meados de 2024. O marco foi celebrado com uma solenidade no canteiro de obras, às margens da rodovia MS-377, a cerca de 50 quilômetros do centro da cidade, com a presença de autoridades como o vice-presidente Geraldo Alckmin.

O investimento é considerado histórico: US$ 4,6 bilhões, o maior já realizado pela Arauco em meio século de atuação global, sendo 23 anos no Brasil. A fábrica será a maior planta de celulose do mundo construída de uma só vez, com capacidade anual de produção de 3,5 milhões de toneladas, utilizando tecnologia da finlandesa Valmet. A previsão é que a megafábrica entre em operação no último trimestre de 2027.

O ex-governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), esteve no evento e destacou a origem do projeto, iniciado em 2020 durante sua gestão. “Quem planta colhe, né? Nós plantamos isso aqui em 2020, culminamos com o termo de compromisso dia 23 de junho de 2022 lá no Bioparque, o estado assumindo alguns compromissos e a Arauco assumindo o outro. E hoje a gente vê praticamente assim a finalização de algo que é fundamental, que vai trazer emprego, oportunidade, desenvolvimento, crescimento de toda essa região, então fico muito feliz que é mais um passo importante de industrialização e das oportunidades que surgem. Então aquilo que nós plantamos em 2020, a gente vê hoje no ano de 2025 se concretizando”, celebrou o ex-governador.

Além disso, Azambuja fez questão de destacar o investimento e a magnitude do projeto. “Maior planta de celulose do mundo aqui em Inocência, isso vai gerar oportunidades, valoriza toda essa região e eu fico muito feliz de ter sido parte nesse processo que depende de muitos, mas que a gente fica muito alegre porque trazer um investimento dessa magnitude, que é o maior dessa área hoje no mundo, é muito importante pro Mato Grosso do Sul, pra Inocência. Importante também com o Brasil, porque talvez deva ser o maior investimento privado nessa área em todo o nosso Brasil. Fiquei muito feliz de participar desse lançamento e principalmente ver aqui a qualidade dos investimentos e as oportunidades de empregos que estão surgindo aqui nessa região”

A fábrica será abastecida por cerca de 400 mil hectares de florestas de eucalipto cultivadas na região. Como empresa estrangeira, a Arauco optou por firmar contratos com proprietários locais ao invés de adquirir terras, assegurando o fornecimento da matéria-prima. A produção, destinada majoritariamente à exportação, será escoada por um ramal ferroviário de 47 quilômetros até Aparecida do Taboado, onde se conecta à malha da Ferronorte, com acesso ao Porto de Santos (SP).

O impacto econômico e social já é visível em Inocência, cidade com pouco mais de 8 mil habitantes. A previsão é que, com a operação plena da fábrica, a população salte para aproximadamente 14 mil moradores. A região tem vivenciado mudanças significativas no setor imobiliário, com alta nos preços, novos empreendimentos residenciais e comerciais, e aumento na circulação de trabalhadores.

Durante a fase de terraplanagem, cerca de 1.800 operários atuaram no local. A construção da fábrica deve empregar mil pessoas diretamente, além de mais 2 mil na área logística e outras 3 mil nas florestas. Para atender à demanda habitacional, o Governo do Estado destinou terrenos para que a empresa construa um conjunto com 700 casas.

O governo estadual também anunciou investimentos em infraestrutura viária para dar suporte à nova realidade da região, incluindo a duplicação e reforço no pavimento da MS-377 e a pavimentação da MS-320, que liga Inocência a Três Lagoas, cidade-polo da região.

Inicialmente, a Arauco havia solicitado licença para duas unidades com capacidade de 2,5 milhões de toneladas cada. No entanto, com a ampliação já na largada da primeira planta, a decisão sobre a construção da segunda unidade foi adiada.