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Até Jesus Cristo e Nossa Senhora têm de ficar “presos” para escapar dos ladrões

No canto de capela, 5 imagens de Jesus Cristo e duas santas não devem mais ornamentar túmulos

Por Aline dos Santos | 15/04/2025 11:40
Até Jesus Cristo e Nossa Senhora têm de ficar “presos” para escapar dos ladrões
Esculturas foram colocadas de forma improvisada em capela para escapar dos ladrões. (Foto: Henrique Kawaminami)

Local de missa às 8h30 de todas as segundas-feiras, a pequenina capela do Cemitério Santo Antônio, incrustado desde 1914 na Avenida da Consolação, Vila Santa Dorotheia, em Campo Grande, é o único lugar seguro para as esculturas religiosas.

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A capela do Cemitério Santo Antônio, em Campo Grande, tornou-se o único local seguro para esculturas religiosas devido a uma onda de furtos. As imagens de Jesus Cristo e Nossa Senhora, antes espalhadas pelos túmulos, agora ficam trancadas na capela. A prefeitura, responsável pela administração, não tomou medidas eficazes para conter os furtos, que são atribuídos a usuários de drogas. O cemitério, o mais antigo da cidade, já teve segurança terceirizada, mas atualmente enfrenta dificuldades para proteger seu patrimônio histórico e artístico.

O cemitério mais antigo da cidade convive com uma onda crônica de furtos, que deixam familiares comovidos, ocupam páginas e páginas do noticiário, mas é incapaz de sensibilizar a prefeitura, responsável pela administração, e a polícia, que deveria agir contra os criminosos.

Em vez de ficarem espalhados pelos túmulos, nos contando da história das famílias tradicionais, que investiam em muitos ornamentos para última morada de seus entes queridos, as esculturas ficam trancafiadas na capela. São cinco Jesus Cristo e duas Nossa Senhora, todos com mais de um metro de altura e escanteados.

Até Jesus Cristo e Nossa Senhora têm de ficar “presos” para escapar dos ladrões
Santa no altar foi doada por família. Esculturas no canto esperam por "devolução". (Foto: Henrique Kawaminami)

A orientação é que as famílias as levem embora, porque não é recomendado recolocá-los nas sepulturas. Afinal, a onda de furto não tem fim.

Em novembro de 2024, a reportagem registrou uma escultura de Jesus Cristo, que caminhava por um túmulo, logo na entrada do cemitério.  O trabalho tem a assinatura do escultor Aldo Puccetti, de Campinas, que se destacou entre os marmoristas pela qualidade das obras.

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Escultura de Jesus Cristo sobre túmulo em novembro de 2024. (Foto: Marcos Maluf).
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Em abril de 2025, escultura de Jesus Cristo já não existe mais. (Foto: Henrique Kawaminami)

Cinco meses depois, só sobrou a plaquinha. A enorme escultura foi furtada. A situação das obras de arte religiosa é retratada por Cirlene Vieira dos Santos, que, dia sim dia não, vai ao cemitério para fazer a limpeza nos túmulos. Contratada pelas famílias, ela “cuidava” de oito imagens de Jesus Cristo. Agora, não restou nenhuma.

“Os furtos não param. Não tem mais imagem grande aqui no cemitério”, diz Cirlene. Tudo que é de metal e tem valor de revenda é levado pelos ladrões. A voz corrente é que se trata de usuários de drogas, que vão ao local à noite, quando os portões se fecham e não há segurança.

Em janeiro, a reportagem mostrou que família chegou a colocar faixa em túmulo para denunciar o descaso.  No dia 19 de março, mais uma matéria do Campo Grande News mostrou o drama que as pessoas enfrentam com os furtos.

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Muro baixo facilita a vida dos ladrões no cemitério. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na lateral do cemitério, há trecho que o muro tem menos de um metro, fácil de ser pulado. Um funcionário, que pediu para não ser identificado, desabafa na entrevista. “Acho que não tem o que roubar mais. Material de bronze ficou bem pouco”, diz.

No passado, a segurança do cemitério chegou a ser terceirizada, com cachorros para espantar os invasores.  Os mausoléus também viram depósitos, abrigando bicicleta, carriola e material de limpeza.

A reportagem questionou a Polícia Civil se há investigação sobre esses furtos, considerando que se há ladrão a cadeia do crime também inclui receptor que paga pelo material, mas não houve resposta até a publicação da matéria.

O Campo Grande News solicitou informação da prefeitura sobre medidas para aumentar a segurança no cemitério e aguarda resposta.

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Carriola em mausoléu no Santo Antônio. (Foto: Henrique Kawaminami)

Linha do tempo - Primeiro, em 1872, o Cemitério Santo Antônio ficava em um ponto central do povoado, onde hoje é a Praça Ary Coelho. Foram 15 anos nesse endereço.

No ano de 1887, a comunidade decidiu transferir o cemitério para o Bairro Amambaí, no terreno onde hoje funciona o Sesi e a Casa da Indústria de Mato Grosso do Sul.

Entre os anos de 1913 e 1914, o Santo Antônio foi transferido para o atual endereço, que naquele tempo ainda era a Fazenda Bandeira. Hoje, fica no quadrilátero formado pela Rua 13 de Maio e as avenidas Calógeras, Eduardo Elias Zahran e Consolação.

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O Cemitério Santo Antôio é o mais antigo de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Público, o Santo Antônio tem 16.013 pessoas sepultadas. No local, as esculturas, de variados tamanhos, mostram faces constritas, como dos anjos, e dores, como a de Jesus levando a sua cruz. Nos materiais, muito ferro, mármore e bronze marcam a arte funerária.

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Depósito de produtos em túmulo no cemitério. (Foto: Direto das Ruas)

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