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Capital

Entre vendas e saudades, ambulantes não veem a hora de visitar entes sepultados

Dia de trabalho para quem montou barraca em frente aos cemitérios

Por Izabela Cavalcanti e Caroline Maldonado | 02/11/2024 08:13
Vanda vendendo flores e velas em frente ao Cemitério Santo Antônio (Foto: Paulo Francis)
Vanda vendendo flores e velas em frente ao Cemitério Santo Antônio (Foto: Paulo Francis)

O Dia de Finados, celebrado neste sábado (2), é uma data cheia de lembranças e saudade. Como de costume, todos os anos ambulantes chegam cedo para garantir a renda extra nesta época. Mas em que momento eles conseguem visitar seus entes queridos?

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O Dia de Finados é uma data carregada de emoções, em que muitas pessoas visitam seus entes queridos nos cemitérios. Vendedores ambulantes aproveitam a data para garantir renda extra, mas também têm suas próprias histórias de saudade e perda. Vanda da Silva Queiroz, que vende flores e velas, relembra a perda de seus pais e outros familiares, encontrando consolo em manter a memória viva. Cleusa Corrêa, que vende água, refrigerante e até corote, visitará os túmulos de seus filhos falecidos, buscando amenizar a dor da saudade. Lúcia de Oliveira, artesã que vende flores, lembrará da mãe falecida há dois anos, levando as flores que ela sempre gostou. Apesar da tristeza, a data serve para que as pessoas expressem seu amor e saudade pelos que partiram, mantendo suas lembranças vivas.

A cada venda, uma lembrança. Assim tem trabalhado a vendedora Vanda da Silva Queiroz, de 45 anos. Ela está no Cemitério Santo Antônio vendendo flores e velas.

Seus pais estão sepultados no Cruzeiro e pretende visitá-los hoje ou amanhã. “É muito bom, é bom para amenizar a tristeza. A importância é a lembrança, a gente nunca esquece. Está sempre lembrando do ente querido, por isso que a gente faz essa visita”, disse.

Além do pai e da mãe, ela conta que perdeu outros quatro parentes no mesmo mês, um de acidente, dois de câncer e outro morreu de repente, segundo ela.

“Estou sempre lembrando, a gente não esquece. Perde, chora, se lamenta, reclama, está sempre lembrando, mas estou sempre me levantando, lembrando uma coisa que minha mãe sempre disse. Estou trabalhando, andando, correndo, vou viver até o dia que Deus quiser”, refletiu.

Já sobre as vendas, ela acredita que todos os anos são a mesmas demandas e aproveita para rever pessoas conhecidas que passam em sua banca.

A vendedora, Cleusa Corrêa, de 60 anos, chegou às 5h no Cemitério Santo Antônio e pretende ficar até às 17h. Ela tem dez filhos e 27 netos.

Cleusa sentada em frente ao Cemitério Santo Antônio vendendo salgados e bebidas (Foto: Paulo Francis)
Cleusa sentada em frente ao Cemitério Santo Antônio vendendo salgados e bebidas (Foto: Paulo Francis)

Depois que terminar as vendas de água, refrigerante e salgados, Cleusa vai até o Cemitério Cruzeiro acender vela para os dois filhos que morreram, quando tinham 25 e 12 anos, e em seguida vai no Jardim da Paz visitar outro filho, que tinha 19 anos. Ele estava com HIV e leptospirose no intestino.

“Não dá para superar, a gente tenta amenizar. Agora, esquecer, a gente não consegue dizer, porque temos sentimento, ainda mais porque a mãe sempre espera ir primeiro e deixar os filhos”, lamentou.

Cleusa pontuou que visitar não ameniza a dor, mas ao acender a vela e levar flores, os que partiram sentem que ainda são amados.

Já a artesã, Lúcia de Oliveira, de 63 anos, montou o ponto no dia 29 de outubro e vai visitar o túmulo da mãe no domingo (3), que está enterrada no Cemitério Campo Grande. Ela está vendendo flores.

“Hoje tem que trabalhar. Geralmente eu vou sozinha, tenho vários irmãos, mas cada um mora num canto. Faço a visita para ela, levo as flores que ela sempre gostou. Vai fazer dois anos que ela faleceu, estava com 72 anos”, lembrou.

Lúcia fez acampamento em frente ao Cemitério Santo Antônio para vender flores (Foto: Paulo Francis)
Lúcia fez acampamento em frente ao Cemitério Santo Antônio para vender flores (Foto: Paulo Francis)

Ela contou que começou a vender faz 26 anos e que a própria amiga, que era dona do ponto, faleceu há cinco anos. “Quando ela ficou doente, eu fiquei aqui para cuidar, ajudando ela, porque o ponto era dela”, disse.

Movimento - O Cemitério Santo Antônio ficará aberto até às 17h. A Missa de Finados será das 8h30 às 15h. A expectativa é de que 16.013 pessoas passem pelo local neste sábado.

A chuva e o tempo mais ameno fez com que as pessoas ficassem mais dispersas, dando a sensação do espaço estar um pouco mais vazio.

Para quem quer ir até os cemitérios fazer visita, as linhas de ônibus funcionarão em horário especial em Campo Grande.

Conforme anunciado pela Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e pelo Consórcio Guaicurus, para os usuários dos coletivos que realizarem o pagamento da viagem através do cartão eletrônico, a passagem custará R$ 1,90.

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