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Capital

Antes de morrer, em 3 meses criança foi ao posto com fratura e queimadura

Sesau afirma que irá abrir procedimento para apurar circunstâncias dos atendimentos

Dayene Paz | 30/01/2023 11:56
Stephanie e Christian foram presos em flagrante pelo homicídio qualificado. (Foto: Reprodução) 
Stephanie e Christian foram presos em flagrante pelo homicídio qualificado. (Foto: Reprodução)

Uma longa ficha médica em unidade de saúde não levantou suspeita até a noite de quinta-feira, 26 de janeiro, data em que uma criança de apenas 2 anos morreu vítima de recorrentes agressões, em Campo Grande. Entre as passagens no posto, em menos de três meses, a pequena chegou com fratura na tíbia e até queimadura no braço.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, em novembro do ano passado, a menina deu entrada na unidade de saúde com dores e até vomitando, mas os sintomas não levantaram suspeita dos profissionais pelo fato de serem comuns, por exemplo, de uma virose. Diante da situação, durante o atendimento, não seria possível saber se ela era vítima de maus-tratos ou se tratava de uma simples intoxicação.

Dois dias depois desse atendimento, a criança retornou à unidade com fratura na tíbia. A mãe informou que a filha havia sofrido uma queda, também não sendo possível concluir se a menina teria sido vítima de agressão. A criança também chegou a ser atendida com queimadura no braço por café quente. Contudo, mais uma vez, não teria como saber se era um acidente ou proposital.

Sobre as idas frequentes ao médico, a mãe justificou à polícia que levava a filha quando apresentava sintomas gripais.

Questionada, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande explicou que os 30 atendimentos na unidade - informados anteriormente pela polícia em boletim de ocorrência - se tratam de procedimentos que ela passou. Não sendo, então, 30 vezes que a menina foi ao médico. "São 30 procedimentos que incluem triagem, coleta de exames, atendimento médico e outros", informou.

Sobre o fato de as lesões não terem levantado suspeita na equipe médica, a Sesau pontuou que ocorreu em apenas uma das vezes, da fratura na tíbia, que foi justificada pela mãe por uma queda. "Os demais atendimentos não tiveram nenhum sinal de que ela poderia ter sido agredida. Em casos suspeitos, automaticamente os profissionais da unidade notificam os órgãos responsáveis. Como aconteceu, inclusive , quando ela deu entrada já em óbito", explicou a Secretaria.

Ainda, de acordo com a Sesau, será aberto procedimento interno para apurar as circunstâncias que se deram os atendimentos à menina, "que deve correr paralelamente às investigações".

Entenda - A criança morava com a mãe, Stephanie de Jesus da Silva, o padrasto, Christian Campoçano Leitheim, e outros dois irmãos (um deles filho de Christian com a primeira esposa), na Vila Nasser. A reportagem apurou que as crianças ficavam sob os cuidados de Christian enquanto a mãe trabalhava.

Na noite de quinta-feira, Stephanie chegou ao posto de saúde com a filha já sem vida. Foi então que as médicas evidenciaram lesões pelo corpo, inclusive nas partes íntimas da criança. Também perceberam que ela estaria morta havia cerca de quatro horas.

Stephanie alegou que a menina estava passando mal desde o dia anterior, com dores na barriga, e que o padrasto batia como correção. Na data da morte, os dois afirmaram que a criança não foi agredida.

O pai biológico já havia feito denúncias à polícia e ao Conselho Tutelar, pois durante visitas observou machucados na filha. Ele e a avó materna já haviam pedido a guarda da menina na Justiça, segundo os vizinhos e familiares. A reportagem apurou que a primeira denúncia de maus-tratos contra a criança acabou sendo arquivada no ano passado por falta de provas.

O casal acabou preso em flagrante por homicídio qualificado, que depois foi convertida para preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. Stephanie também foi autuada por omissão. A Polícia Civil ainda aguarda laudos para saber se a criança foi estuprada, já que no corpo foram encontrados indícios de violência sexual.

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