Ao relento, nem chuva fez indígenas arredarem o pé de distrito sanitário
Cerca de 50 pessoas acamparam na porta do Distrito Sanitário Especial Indígena para reunião de hoje à tarde com secretário
E foi ao relento, deitados no chão em frente a porta do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), que os indígenas estão acampados desde ontem (28), em Campo Grande. Nem mesmo a chuva durante a noite fez eles arredarem o pé do local onde estão, para se reunir com o secretário especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva na tarde de hoje (29).
“Não vamos sair daqui. Só levanto pra ir ao banheiro, comer e volto pra ficar aqui na porta. Ele tem que nos ouvir", afirma Daniel Duarte Santos, 26 anos. Ele é da etnia terena, veio de Dois Irmãos do Buriti para protestar em favor do seu povo.
Daniel relata que a noite de ontem foi longa, deitado sobre um colchonete e enfrentando alguns perrengues. "Choveu, me molhei, a roupa secou, veio o vento gelado. As costas estão doendo", disse.
O motivo do protesto é a falta de diálogo com a coordenação da Dsei e a reclamação também é pelo descaso com a saúde da população indígena. “Falta medicamentos”, destaca um dos líderes da etnia guarani kaiowá, Valdomiro Osvaldo Aquino, 63 anos. “Nós somos a base das aldeias, as lideranças que salvam vidas. Já acampamos outras vezes", completou.
Ele passou a noite dentro do carro e logo cedo levantou tocando o "mimbi", instrumento de sopro, para levantar o ânimo dos companheiros. "Esse é o nosso canto sagrado", afirmou.
O terena Jason Roberto Reginaldo, 43, destaca que não vai sair do local antes da reunião. “O secretário precisa nos ouvir. Não saio daqui enquanto não resolvermos essa situação”. A reunião está prevista para ocorrer na tarde de hoje.
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